Jessé Souza* Em menos de meia hora, é possível atravessar de - TopicsExpress



          

Jessé Souza* Em menos de meia hora, é possível atravessar de um extremo a outro da cidade de Boa Vista. O espaço geográfico da cidade é comparável a de um bairro e a população não consegue lotar a praia de Copacabana na vista do Papa. Somos um pedaço do Brasil tão propício para se tornar exemplo, mas nos transformamos em uma realidade complexa, carregada de problemas de cidade grande. Por que somos assim? Esse tema é do tipo “senta que lá vem a história”. Mas é possível resumir. Desde o tempo de Território Federal, a população local foi submetida ao coronelismo político. Os coronéis mandavam e desmandavam, inclusive à base da lei da pistola. Anos se passaram e os “coronéis de barranco” foram substituídos pelos “coronéis da política”, que por sua vez acabaram dando lugar aos neo-coronéis atuais, muitos deles vindos na leva de indicações políticas na divisão feita no tempo dos governos militares. Aqui se estabeleceram e se deram bem, pois já conheciam muito bem como fazer currais no Nordeste, com aprendizado nos assombrados corredores de Brasília. Ao aportarem por aqui, trocaram a chibata e o revólver dos coronéis de barranco pela “caneta que nomeia é mesma que demite”, o vale alimentação, implantando o pão e circo dos imperadores romanos. Os sobreviventes dos barrancos se uniram aos neo-coronéis, submetendo à política do assistencialismo, do toma-lá-dá-cá, das ameaças e pressões políticas que mantiveram o povo roraimense no cabresto por longas décadas. E não pense que é fácil sair dele, pois não é mesmo. Com um espaço territorial pequeno e uma população ínfima, aqui se tornou um curral perfeito para ser manipulado, abatido e descartado. O mesmo espaço de tempo que levamos para atravessar Boa Vista de Leste a Oeste, também é o mesmo espaço que os neo-coronéis levam para pressionar e ameaçar quem se atreve a largar o cabresto. É por isso que nada funciona. Porque o povo vive como gado no curral, pronto para ser abatido e apto para ir para o matadouro na mansidão dos ruminantes. Sem cobrança e sem pressões, os neo-coronéis não se apressam em solucionar nossos graves problemas. Nem as instituições pagas para fiscalizar conseguem sair da sala de estar da Casa Grande. Então os problemas se avolumam, pois os neo-coronéis não têm tempo para cuidar de seu curral. O Estado de Roraima é tratado como se fosse uma fazenda ou um sítio deles. E eles só ficam aqui quando é para tratar de negócios. Vivem em viagens, deixando os problemas para seus incompetentes capatazes cuidarem. E assim se resume a realidade local, em que o povo não consegue enxergar além de sua viseira, permitindo que a política se mantenha sempre a serviço do interesse da Casa Grande. Na mansidão de gado marcado, vamos caminhando para a urna eleitoral a cada dois anos.
Posted on: Fri, 09 Aug 2013 14:48:56 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015