Livros ensebados de Sebos Da descontraída conversa que - TopicsExpress



          

Livros ensebados de Sebos Da descontraída conversa que veio a resposta que tanto procurava destinada a uma pergunta antiga: “- Por que você gosta tanto de ir aos sebos?” Agora na ponta da língua poderia responder com um sorriso cínico e entregar nas mãos do interlocutor qualquer obra velha para que ele me compreendesse e sentisse. Aquele forte odor de tinta azul marcando um parágrafo por um borrão saliente, café manchando a típica “orelhas de burro” de uma das páginas, cadáver de besouro no sumário, asas de barata nas folhas que correspondem à biografia do autor, cinzas impregnadas no auto-relevo da capa, uma leva de cupins que perfuram de um capítulo a outro, a popular tentativa de preservação duma flor, a digital de chocolate escondendo parte do subtítulo oito, dominação fúngico na contracapa, nos casos raros um batom borrado em forma de lábios sinuosos juntamente com a dedicatória romântica, autógrafos dos próprios escritores, quando não encontra um livro todo ondulado justificada pela saliva do criminoso que dormiu sobre ele, um verdadeiro “pecado” mesmo diante do amor a leitura. Começa por um andar despretensioso pelas ruas do centro da cidade, entrar instintivamente pelo portal da loja, ficar vislumbrado com as estantes volumosas de literatura e conhecimento. É neste instante que alimentamos o vício que repercute na carteira assoviando, no desaparecimento das pratinhas, com uma lista do que já deseja ou apostando na probabilidade do aleatório de se deparar com uma história impactante, fascinante a imaginação, complementadora da razão, ou seja... Um comprador compulsivo é um jogador inconsciente! Já no conforto do lar, no banco (do mais caro) busão lotado que sorrateiramente sentamos iniciamos a aventura pela forense do micro mundo, da investigação leviana. Deduzir por quais espécies de mãos já se passaram a relíquia sem sequer observar a assinatura grotesca dos maníacos, suponhamos que se desfazem dos tesouros quase com lágrimas escorrendo pelo zigomático para comprar outros ou por quaisquer motivos particulares. Visitei um restaurador (creio que um dos poucos existentes em Goiânia) interessado pelo seu admirável e até então desconhecido serviço. Foram histórias curiosas de outros lunáticos enamorados pelos próprios documentos, quadros e mangás, de cidades brasileiras que foram devastadas por fenômenos naturais e buscaram o ofício do senhor para preservar arquivos após uma enchente por exemplo. Nisto tudo adquiri “XP” em zelo de professores de celulose, permanecendo sempre conservados e conservadores porque é com esta colacionável velharia de sebo que quero passar o resto de minha vida neste pálido ponto azul. Dedico este simplório texto aos meus parceiros, ratos de bibliotecas, livrarias, Breno Teles, Gabriel Teles Viana e um ladrão indiano, aos amantes de resmas: Amanda Franco, Ana Lyvia Aquino Almeida, Verônica Simôr, Isabela Carvalho Freitas, William Trapo, Cynthia Ferreira, Gabrielle Erudessa, Gomes Jeff. Site: restauracaodelivros/
Posted on: Tue, 13 Aug 2013 01:46:29 +0000

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