Mas onde está o "caos fiscal" e a "desordem financeira" que a redução das tarifas causaria? Há um mês parecia impossível baixar o preço do transporte e agora algo como 70% da população das grandes cidades gozam de passagens mais baratas. E o mundo não só não acabou como hoje se coloca de forma concreta questões muito mais avançadas como o passe-livre, a criminalização dos corruptores e a desmilitarização da polícia. Temas cuja discussão, durante muito tempo, esteve circunscrita a pequenos círculos. Quando as massas alcançam as ruas, o horizonte se amplia. Como numa alegoria da caverna de Platão em pleno século XXI, o povo percebeu que a única consequência de se exigir tarifas mais baixas é que, no máximo, as pessoas pagariam menos pelo transporte. O que vai acontecer quando perceberem que, se pararmos de pagar a dívida pública para investir em Saúde e Educação, a consequência não será uma invasão militar norte-americana ou o apocalipse na terra, mas tão somente escolas e hospitais melhores? E quando os trabalhadores derem por si que os empresários não são necessários e, mais que isso, são parasitas que vivem do trabalho alheio? Quando se convencerem que as fronteiras que nos separam são ilusórias e buscam beneficiar interesses escusos? Aí então palavras como "impossível" e "utopia" estarão relegadas aos livros de história e só serão utilizadas no pretérito.
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 04:57:21 +0000