Meu artigo da semana para o Jornal "A Notícia" de Batatais: MÉDICOS ESTRANGEIROS Ao anunciar que pretende assinar acordos com países estrangeiros como Portugal, Espanha e – especialmente – Cuba, para contratação de médicos, o Governo Brasileiro abriu um debate que, a meu ver, é tardio, mas bastante salutar. Este debate ocorre, principalmente, porque faltam médicos no país: estimativas do Ministério da Saúde dão conta de que passa de cinqüenta mil o déficit desses profissionais e, segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 450 municípios brasileiros não têm um médico sequer. É inegável que desde o Governo Itamar Franco (Plano Real) nosso país vem melhorando muito e, mesmo que distantes do ideal que sonhamos, estamos experimentando um significativo avanço econômico e social. O grande problema é que, a despeito das melhorias conquistadas, continuamos convivendo com desigualdades regionais que dividem o país: algumas regiões são ricas e atrativas, outras, ainda muito pobres e desinteressantes. Em decorrência disso, sob todos os aspectos que se analise, é cada vez maior a concentração de médicos nos grandes centros e, na mesma proporção, a ausência deles nas pequenas cidades e nos grotões mais pobres. Interessante é que quando falamos nisso, lembramos imediatamente das regiões centro-oeste, norte e nordeste do país, mas nos esquecemos que em municípios de regiões ricas, como a nossa, por exemplo, também faltam médicos nos hospitais e unidades básicas de saúde. Assiste razão à classe médica quando argumenta que é muito difícil exercer a medicina em locais totalmente desprovidos de recursos, onde a ambulância ainda é o melhor hospital e que o Governo não investe o necessário para tornar a saúde minimamente digna para a população em geral. Por outro lado, o Governo também tem razão – afinal, para melhorar o atendimento, precisa dos profissionais da saúde. Caso contrário, de nada adianta investir em equipamentos que, sem os médicos, ficariam inoperantes. Ideologia à parte – afinal também tenho a minha –, importar médicos de outros países, em especial de Cuba, talvez seja uma alternativa viável para o nosso problema. Não quero aqui defender a revolução cubana, até porque cada país tem suas peculiaridades e nem sempre o que é (ou foi) bom para um será, necessariamente, bom para outro. Mas não podemos negar que a ilha caribenha experimentou um grande avanço nas áreas de educação e saúde. Um intercâmbio com Cuba poderia abrigar vantagens para ambos os países, assim como já ocorreu com outras nações sul-americanas. Os médicos cubanos são competentes e poderiam muito bem prestar seus serviços nas localidades em que faltam profissionais, assim como diversos profissionais brasileiros prestam serviços em países estrangeiros. Por outro lado, o Brasil poderia oferecer a Cuba produtos e serviços de que a ilha não dispõe, principalmente em razão do brutal embargo econômico imposto pelos Estados Unidos e parte de seus aliados. O tempo em que a população sai às ruas pedindo melhorias nas condições de vida, em especial na educação e na saúde, deve ser o mesmo que derruba fronteiras, conscientiza pessoas e estabelece a paz entre os povos.
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 08:54:57 +0000
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