“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: Contemplem as minhas - TopicsExpress



          

“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: Contemplem as minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!” Hank, o nome dele é Hank. Não, o nome dele é ASAC Schrader, o homem que chegou mais perto de acabar com o reinado de Heisenberg em Breaking Bad – pelo menos durante alguns minutos do episódio passado. Dessa vez, a empáfia de Walter White foi sublimada pelo bandidão clichê, o tio que esteve preso e que teve a caridade de deixar um barril de dinheiro para trás. Um triste fim para o grande traficante, não é? Quando vi Walt deitado no deserto, com a expressão de derrota, de agonia, de impotência, mal consegui decidir entre chorar e torcer para que se levantasse dali e tivesse alguma reação. Por um instante, o encarei como uma vítima. O homem que fez de tudo por sua família e acabou não conseguindo salvar o cunhado. Pobre WW, gritou, pediu, esperneou, mas não teve jeito. Hank tinha que morrer ali, e morreu com mais dignidade do que Mr. White jamais terá. Foi extremamente doloroso perceber que aquela ligação para Marie tinha sido realmente uma despedida. Já sabia que a coerência exigia que Hank morresse ali, ainda assim, me senti completamente vulnerável com aquele tiro, aquele diálogo, aquelas cenas finais. Mandar seu algoz ir se f*** é de uma coragem que só o agente da DEA teria. Foi uma morte rápida, inesquecível. E apenas o começo da perfeição de Ozymandias. Definitivamente, vitimizar Walter White não é algo que a série gostaria de fazer. Já passamos por muitas fases em que ele poderia voltar para tal status, e regredir nunca foi uma opção, e isso não seria diferente agora. Ele teve alguns momentos de resignação, mas nada que o impedisse de voltar à velha crueldade rapidamente, talvez até numa versão mais crua, já que agora Walt acredita que a culpa do que aconteceu é de muita gente, menos sua. Heisenberg, o nome dele é Heisenberg. Se aquele Walter que abriu o episódio era ainda um aprendiz da manipulação, o que mandou matar Jesse sem qualquer remorso representa o ápice da maldade que desenvolveu. O professor de química com noções de certo e errado se foi definitivamente com a morte de Hank. Agora, restou o Heisenberg poderoso, que pisa em cima de quem aparecer à sua frente. Até mais doloroso do que ver o adeus de Hank, foi ver a facilidade com que ordenou o assassinato de Pinkman, aquele que chegou perto de representar a figura de um filho. Confesso que cheguei a achar que Jesse morreria ali também. Ainda acredito que ele merece mais destaque na temporada, mas aceitaria sua morte. O descontrole tomado por essa situação justificaria a consequência. Mas, não, Jesse ainda precisava provar que o poço é sempre mais fundo. Desde a segunda temporada, criei mil teorias sobre como ele poderia descobrir sobre a morte de Jane. Talvez com um insight miraculoso ou qualquer coisa assim. Nunca tinha cogitado a possibilidade de que Walter usaria essa carta como um golpe final. Assim que ele começou a falar sobre a overdose, com um tom de orgulho, mal pude acreditar que este era o homem que tinha acabado de levantar do chão da derrota. O mais agoniante, porém, é que Jesse não pode apenas morrer com a informação, ele vai ter que viver mais um pouco, sofrer mais um pouco. Desfigurado, desesperançoso, eis que ele volta à estaca zero, tendo que voltar a cozinhar meth. Falando nisso, não canso de me surpreender com a inteligência de Todd. Aos poucos, o menino calado, com cara de ingênuo, mostra que está dominando a oportunidade de assumir o império da metanfetamina azul. De certa forma, é quase como se ele não se importasse com o dinheiro em si, mas com a possibilidade de ser bom em algo, de fazer o seu melhor. Voltando a Walter, preciso comentar também o karma deliciosamente cômico que o fez ter que carregar o dinheiro deserto afora. Depois de toda aquela tensão, foi surreal ouvir Times Are Getting Hard, Boys. Combinou bizarramente com o momento e nos deu a chance de respirar um pouco, de preparar para o segundo choque que ainda estava por vir. Passado o problema Hank/Jack/Jesse, o tom alegrinho da canção pareceu dizer que Walter estava acreditando que ainda existia uma saída, só faltava todo mundo colaborar para que todos seguissem em frente. O que ele não esperava é que Marie já tivesse impulsionado algo que todos esperávamos há tanto tempo. Flynn, o nome dele é Flynn. Desde o começo da série, Walter Jr. sempre foi o personagem que aparecia para tomar café da manhã e aceitar as mentiras do pai. Mal dá pra acreditar que tenha sido ele o primeiro a ter coragem de ligar para a polícia na frente do temido Heisenberg. Na verdade, tem até lógica pensar que Flynn é o único que poderia fazer isso sem correr riscos diretos. Apesar de toda sua trajetória, Walter não machucaria o filho. Apesar de que, não sei, começaram a surgir traços de loucura no químico ou eu que sou impressionável? Talvez ele tenha chegado ao limite da sanidade quando percebeu que, depois de tudo, ficaria sozinho. Jamais esperaria que Skyler tentaria esfaquear o marido. A cena deu a entender que ela poderia pegar o telefone e ainda não sei direito porque ela não o fez. Pra ser sincera, tenho as mesmas dúvidas de Marie. Porque Sky parou de reagir a tudo que estava acontecendo? Porque ela deixou de gritar contra os crimes de Walt? Nunca vou esquecer de uma review em que tentaram me ofender nos comentários por causa de Skyler. Ao longo dessas 5 temporadas, ela sempre foi odiada por muita gente e nem duvidaria se tudo que Walter disse ao telefone tivesse vindo do público. É estranho perceber como ela sempre foi julgada quanto tentava agir corretamente, quando falava contra o tráfico, contra o perigo trazido para casa. É como se ela realmente fosse mal agradecida, quando na verdade, esteve acuada na maior parte do tempo. E como foi deplorável ver WW puni-la/ajudá-la levando a filha embora. Holly, o nome dela é Holly. Fiquei sabendo que tem gente pedindo indicação de Holly ao Emmy e estou a ponto de concordar. A menininha foi absolutamente adorável em suas cenas. Aqueles olhos azuis pareciam os de Skyler e quase enxerguei Walt se sentindo julgado por quem sequer sabia o que estava acontecendo. Quando ele se dirigiu à porta, mal pude respirar ao entender que levaria a pequena embora. Flynn e Skyler estavam no chão, assim como ele esteve, e sua primeira atitude, mais uma vez, foi a de tripudiar. Possivelmente, a última ruptura entre ser o homem que faz de tudo pela família, para se tornar o Heisenbeg definitivo, que vai de vilão à vítima conforme convêm, nem que seja para dar lição de moral ou tentar um último ato de nobreza torta. Eles poderiam ter escapado juntos, poderiam ter ido embora, mas, não, Skyler teve que estragar tudo. Skyler, a culpada é Skyler, a mãe desesperada por sua filha, não o traficante sociopata que destruiu tudo e todos ao seu redor. E ele assume a culpa no telefone, como um herói. Haja hipocrisia. Walter agora está mais sozinho do que nunca. Solitário, sem Jesse para culpar e nem esposa a quem intimidar. Mas tem sede de alguma coisa, e vai voltar, armado, atrás de algo que ainda não sei precisar. Naquela cena do começo da temporada, ele está com 52 anos, com cabelo, talvez longe do câncer, e em busca de quê? Breaking Bad anda também brincando com a minha sanidade, pois não consigo articular qualquer teoria a respeito dos dois episódios que restam. Na verdade, em quase 4 anos de NaTV, essa foi a review mais difícil de escrever para mim. Minha vontade era de encher o texto de PQP OMG WTF, porque foi assim que me senti durante os 47 minutos de Ozymandias. A cada acontecimento, me vi vibrando feito criança, com vontade de chorar, de dar socos no ar e de toda sorte de reações vergonhosas do tipo. Acredito que posso dizer, sem exageros, que foi um dos melhores, senão o melhor episódio, que já assisti até hoje. Roteiro, direção, trilha e atuação impecáveis, daquelas que dão gosto de assistir tevê. Algo que eu não sentia há muito tempo. Pra finalizar, minha empatia pelo protagonista está novamente em queda, e não consigo imaginar qual será seu destino final. Após tantos meses de abuso disfarçados de proteção à família, não consigo mais torcer por uma vitória sua. Nem sei se é possível alguém sair ganhando no meio disso tudo. Mal posso esperar para saber para que lado o compasso moral da história vai se pender. A única certeza é que final feliz está fora de cogitação, o reinado de Heisenberg não será igual aos dos contos de fada.
Posted on: Tue, 17 Sep 2013 01:03:33 +0000

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