No furacão das mobilizações dos últimos dias, tenho lido - TopicsExpress



          

No furacão das mobilizações dos últimos dias, tenho lido muitos comentários generalistas para todos os lados. Ao contrário da maioria, ainda não tenho uma reflexão madura sobre a situação pra definí-la. Só algumas impressões. A impressão que fica é de que algo vai mudar sim. Se vai ser pra melhor ou pra pior, vai depender da forma que as forças políticas no País vão se articular. Temos milhares de adolescentes se envolvendo com política. Verdade que sem a maturidade adequada. Prontos a seguir cegamente qualquer vídeo com "5 focos" postados na rede - como se um vídeo anônimo tivesse o poder de resolver os problemas do País e definir suas prioridades. Prontos pra protestar contra a corrupção sem conhecer o que ocorre no seu próprio município. Em contraponto, temos em jogo milhares de militantes de partidos tradicionais - quase todos envolvidos com o fisiologismo que foi mote para a insatisfação generalizada. O preço de negociar a "governabilidade" deixou de vir em prestações e agora mostra-se um peso insuportável. Vejo muitos com medo de que a sociedade aceite uma nova ditadura militar. Outros, pelo contrário, se esforçando para insuflar conservadorismo na movimentação que pede mudanças. Aproveitando a ingenuidade dos mais jovens, que se por um lado dizem repudiar a "direita, a esquerda e o centro", por outro não tem nada a propor em troca. Se perdem em ideais desencontrados. Ninguém está encontrando muito eco. Todos falando a língua dos anos 60 ou um dialeto pós-moderno inacessível. O que tem encontrado mais eco é a discussão despolitizada. A indicação de pessoas/governantes como problemas, e não de todo um sistema político viciado. O que indica, também, "pessoas" como a solução. O que é, sim, perigoso. Acho importante antes de mais nada entender um pouco mais da dinâmica sociedade contemporânea antes de tentar aplicar modelos prontos. Vejo que a "mudança" até pode vir a ser capitalizada por um golpe. E que pode vir pra pior. E existem conquistas sociais importantes que estão em jogo. Poucos estão lembrando que não é o povão mais necessitado que está na ruas. E poucos estão pensando no que "fazer" com esse povão. Parece que não fazem parte do "gigante" que dizem ter acordado. Aconteça o que acontecer, provavelmente não será uma ditadura militar. Algumas ideias pasteurizadas como "libertárias", que numa embalagem nova trazem o bolor do neoliberalismo, já começam a tentar capitalizar os ânimos. Podem conseguir. Demandas extremas como "imposto zero", "menos políticos" já começam a tomar corpo. Mas é tudo muito líquido ainda. Esse(s) movimento(s) ainda não tem "dono" - mas pode vir a ter. Dizem que a ausência de líderes é uma qualidade... Mas já tem muitos pretendentes na fila.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 17:59:44 +0000

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