No princípio O Evangelho segundo João começa de maneira muito - TopicsExpress



          

No princípio O Evangelho segundo João começa de maneira muito curiosa: “no princípio”, exatamente como a própria Bíblia começa: “No princípio” (quando “criou Deus os céus e a terra”). Ora, nada está escrito na Bíblia por acaso. E nada deixou de ser escrito por acaso. João fez questão de mostrar Jesus Cristo não somente como um homem que nasceu de uma virgem, mas como o Criador de todas as coisas e anterior a elas. Era o verbo Nós não devemos encarar o verbo “era” com seu significado usual. Dizemos “antigamente o ar era mais limpo” ou “o Cléber era magro”. Entretanto, devemos encarar essa expressão, “era o verbo” como algo mais profundo. Primeiramente, não diz-se o que o verbo era. Ele não era alguma coisa ou de alguma forma. Ele simplesmente era. Mas o que isso significa? Novamente, evoquemos algo do Antigo Testamento: Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. — Êxodo 3:13-14 Veja, irmão, Deus é! Esse “EU SOU” que Ele usou como nome tem um significado profundo, relacionado à essência de Deus: ele era, é, continua sendo e assim continuará por toda a eternidade. Da mesma forma, Jesus é hoje, como será pela eternidade futura e, como João quis dizer, também era na eternidade passada e “no princípio”. Ou seja: com “era” entendemos que, antes de todas as coisas, Jesus era. Nada mais havia à sua volta, mas Jesus era. O Verbo Esse termo pode ser traduzido como “a palavra”, também. Jesus é chamado de A Palavra de Deus: E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. — Apocalipse 19:11-13 Em que sentido Jesus é a Palavra? Pensemos: João está relacionando Jesus a “o princípio”, conforme o começo de Gênesis. Em Gênesis, como Deus cria as coisas? Vejamos: E disse Deus: Haja luz; e houve luz. — Gênesis 1:3 Deus cria as coisas simplesmente ordenando que elas existam: com palavras ou, mais rigorosamente, por meio de sua Palavra. A Palavra de Deus é mais que informação. Ela contém toda a autoridade e todo o poder de Deus. Da mesma forma, Jesus recebeu toda a autoridade e todo o poder de Deus. E podemos dizer que ele era a própria Palavra de Deus ao ordenar a existência das coisas. Da mesma forma, em seu cavalo branco, no fim dos tempos, o nome com o qual se chama é “A Palavra de Deus”. E o Verbo estava com Deus João já considera perfeitamente esclarecido que “no princípio era o verbo”. Entretanto, agora ele parte para outro esclarecimento: que ele não estava falando exatamente de Deus, ou seja, o Deus que os judeus bem conheciam, aquele que é o protagonista de Gênesis 1. O Verbo estava com Deus. Há alguma diferença implícita nessa declaração. De alguma forma – e nesse ponto ainda não podemos dizer qual – o Verbo não era exatamente o próprio Deus. Podemos traçar a mesma distinção em Gênesis 1: No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. — Gênesis 1:1-2 Há distinção entre Deus e o Espírito de Deus. O texto não nos esclarece qual distinção é, mas, pelo fluir do mesmo, entendemos que há algum tipo de distinção. Ao mesmo tempo, não temos direito algum de concluir que o Espírito de Deus não fosse, de alguma forma, o próprio Deus. Assim, o Verbo também estava no princípio com Deus e não temos como inferir, até agora, mais nada a respeito disso. Mas, ao invés de pensarmos apenas na distinção, devemos também ver a ligação que essa pequena frase nos mostra: o Verbo era no princípio, mas não era neutro com relação a Deus e nem mesmo um antagonista. Ele estava “com” Deus. Ambos estavam juntos. Há uma clara ligação entre eles. E o Verbo era Deus E, agora, caso alguém tenha formado alguma idéia de separação ou independência entre o Verbo e Deus, João nos diz que o Verbo era Deus. Antes ele havia estabelecido uma distinção. Agora, mostra uma união. E isso pode parecer muito confuso, pois não temos, na natureza, nada semelhante. Se eu digo que estava com alguém em algum lugar, todos presumem que éramos duas pessoas, e não uma. Logo, não tendo nada com que comparar essa soma de idéias, podemos pensar que é impossível. Mas não é. O Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Há uma distinção, mas, ao mesmo tempo, não há. Eis o mistério da trindade: Deus, o Verbo e o Espírito de Deus. Todos distintos, todos um só. Recentemente participei de uma discussão a respeito de uma idéia chamada “modalismo”. O modalismo diz que Deus é um só, mas que manifestou-se através da história de modos distintos: nos tempos do Antigo Testamento, era Deus Pai. Nos tempos de Jesus Cristo, era Deus Filho. Hoje é Deus Espírito Santo. Mas isso é uma bobagem sem tamanho. Cá está João contrariando isso. O Verbo estava com Deus. Se João fosse modalista, omitiria essa parte. Mas lá está escrito que o Verbo estava com Deus. Ele estava no princípio com Deus. Outro reforço da idéia de uma distinção entre o Verbo e Deus. Já vimos que o Verbo era Deus. João não diz, por exemplo, que era “um Deus”. Ele diz “o Verbo era Deus”. Ele falava do único Deus verdadeiro. Entretanto, novamente, ele repete a idéia em um grande resumo: Ele estava no princípio com Deus. É curioso notar que, no original em grego, a palavra para “era” e “estava” é exatamente a mesma: “ήν”. No fim das contas, também poderíamos dizer: “ele era no princípio com Deus”. Ou seja: essa propriedade de ser, conforme explicado anteriormente, que sabemos que o próprio Deus usou como seu nome (ou seja: aquilo que representa sua essência), era algo próprio de Deus e do Verbo. Não havia diferença. E o Verbo se fez carne E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós. — João 1:14a Perdoem-me pelo salto repentino para o verso 14, mas quero concluir esse estudo com a maior das grandezas: o Verbo se fez carne! O poder de Deus, sua autoridade completa, sua Palavra criadora, sua ação perfeita, a definição de seu ser, tudo aquilo que foi dito aqui, tudo o que Deus é, toda a plenitude de seu poder, acreditem, se fez carne. E isso é extraordinário! Você pode ter passado a vida ouvindo as verdades do Evangelho, você pode ter tudo bem acomodado em sua mente, mas é impossível chegar nesse verso e permanecer inabalado. É uma verdade inimaginável! Está além de nossa compreensão que Deus faça-se carne! O poder ilimitado limitando-se! A grandeza infinita dando um termo para si! O grande Deus onipresente fixa-se em um só lugar! Esse Verbo de que tanto falamos, esse Verbo que era no princípio com Deus, esse Verbo que era Deus – quão inadmissível essa idéia é! – se fez carne. E habitou entre nós Não apenas o Verbo se fez carne, como também habitou entre nós. Ele poderia fazer-se carne e manter-se distante e indiferente. Ele poderia habitar num enorme, glorioso e imponente castelo, com acesso limitadíssimo à sua presença. Mas, não, o Verbo habitou entre nós, no nosso meio, sujando seus pés no mesmo pó que cada um de nós, suando como nós e comendo como nós. Veja como João é profundo em sua explicação. Ele exalta sobremaneira o Verbo e demonstra que, de fato, sua existência é elevadíssima, seu ser é absolutamente divino e transcendente e, então, com tudo isso ainda em mente, ele nos lembra da encarnação e da identificação desse Deus tão elevado com os homens, criação sua. Eis o grande diferencial da Religião Verdadeira: O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Qualquer outra religião cai em um dos opostos: um fundador humano ou um fundador dito divino. Mas a verdadeira fé, a realidade das coisas é: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. O Verbo, Jesus Cristo, é Deus e é homem. Ele não deixou de ser divino e, ainda assim, respirou nosso ar, comeu nossa comida e bebeu nossa bebida! Por isso se diz: Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. — Hebreus 2:17-18 Portanto, ao orarmos, lembremos que o Senhor Jesus Cristo, Senhor da Glória, Rei dos reis, se fez carne e habitou entre nós. Naquilo em que somos tentados, ele também foi – mas sem pecado. E, assim, ele é misericordioso e fiel sumo sacerdote, ou seja, um representante nosso diante de Deus, que intercede por nós. Agradeçamos a Deus constantemente, com alegria em nossos corações, porque o Verbo se fez carne. Pão
Posted on: Fri, 23 Aug 2013 23:27:22 +0000

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