Não quero a língua morta de dicionários e compêndios gramaticais, regras de concordâncias verbais... Quero a língua mátria, língua frátria, a língua da cama e do café da manhã, do despertar e do adormecer, a língua viva da chegada e da partida, língua ferida, amada, em glória. Não quero uma língua pra fazer compras no supermercado; melhor, então comprar em atacado, no conforto do seu lar. Quero a língua da comidinha gostosa partilhada no silêncio da confidência do olhar, a língua sem palavras e com todos os verbos, quero a língua sem fronteiras, livre a dançar pelos contornos dos corpos. Não quero a língua aduaneira com carimbo no passaporte, quero a língua sem corte, sem censura, sem correção ortográfica. Quero a língua impávida dos amantes apaixonados. Lucia Pitanguy
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 00:51:35 +0000
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