O Paulinho ainda está em período de experiência. E pelo visto o período vai ser longo. Hoje acordou cedo, tomou café com leite, comeu um pão e foi para o posto de combustíveis trabalhar. Abasteceu dois ou três carros, o frio fazia com que as pessoas mantivessem os vidros fechados, não ouviu uma palavra. Quando o Mercedes verde-musgo parou ao lado da bomba, foi diferente. O motorista saiu do carro, pediu para abastecer, calibrar os pneus, conferir óleo e água. Até ai tudo bem, mas quando foi hora de completar o fluido de freio, complicou. Paulinho não sabia onde era. Sequer havia feito carteira de motorista ou dirigido alguma vez. Então o dono do carro mostrou a ele, meio contrariado, já estava atrasado, sem paciência. Na hora de ir embora, ainda deixou o recadinho “Sou melhor frentista que você, amigo”. Paulinho nem ligou. Ele sabe que pessoas são melhores que as outras. Todas elas, cada uma na sua ou nas suas especialidades. É um círculo interminável. O cara do Mercedes deve ser melhor em finanças, matemática, talvez seja um empresário. Ou um médico, especialista em cirurgia, é ótimo no que faz! Talvez um gênio, um “cara da informática”, que saiba tudo de tudo. Mas ninguém sabe tudo de tudo. Todos são ignorantes em algum assunto. O empresário (ou médico), talvez gênio da tecnologia, não domina todos os assuntos. É algo que as pessoas nunca conseguirão. Paulinho é bom na sua humildade. E outra vez chegou a sua repetida e óbvia conclusão: “Esse doutor do Vectra não sabe sobre como tratar as pessoas”, é um ignorante! E isso nos coloca, todos, na mesma posição; ninguém sabe tudo. E o prazer diário de filosofar sobre a suposta superioridade de sí e dos outros, em uma situação ou outra, faz com que o Paulinho siga aprendendo cada vez mais, até o dia em que não vai saber tudo, como todos.
Posted on: Mon, 12 Aug 2013 17:19:58 +0000
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