O debate sobre as biografias me fez reparar em algumas coisas engraçadas. A primeira é que tem muita gente na internet com um ódio sem base nem fundamento contra celebridades. Chega a ser perceptível o nível de irracionalidade presente em alguns de seus argumentos, como o que qualquer pessoa que expõe sua arte em um palco na frente de uma multidão não tem mais direito à privacidade - suas vidas pertencem ao povo (vide veja.abril.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/biografias-censura-sob-o-manto-da-privacidade-ou-nao-era-proibido-proibir/) . Posso estar enganado, mas acredito que não exista um conjunto de leis para as celebridades e outro para as pessoas comuns. A lei não deveria ser igual para todos? A segunda é que você será processado e pode até ser preso caso decida produzir e comercializar algum produto com a propriedade intelectual de outra pessoa, se o fizer sem permissão prévia ou contratual (geralmente atrelada ao pagamento de royalties). Não posso escrever e vender um livro com o Harry Potter, nem posso gravar um CD onde eu canto músicas de outros artistas para vender. Mas querem o direito para pôr no papel a vida íntima de outro ser humano e não ter que pagar nada a ele por isso. É estranho pensar em que a imaginação é protegida por direitos autorias e ninguém contesta isso, mas a sua vida pessoal pode se tornar domínio público. Eu acredito que a lei deveria ser mudada - em parte. Acredito que o direito à privacidade deveria seguir o dono até o caixão, e ser enterrado com o mesmo quando ele morrer. Na minha opinião, os parentes não deveriam ter o direito de impedir a publicação de biografias não autorizadas, apenas de conseguir reparações por calúnias. Mas eu questiono o intuito jornalístico de publicar livros sobre personalidades que estão vivas e ativas em suas profissões. Se o intuito é criar um registro histórico da vida de uma pessoa, não seria mais jornalístico se esse registro fosse completo?
Posted on: Thu, 24 Oct 2013 03:30:10 +0000