O que vamos imitar? Queridos irmãos e amigos, vou quebrar uma - TopicsExpress



          

O que vamos imitar? Queridos irmãos e amigos, vou quebrar uma resistência pecaminosa em minha vida. Sinto-me, já há alguns anos, constrangido e intimamente cobrado a escrever alguma coisa. Nem tudo o que contemplamos e apreciamos devemos imitar. Quando ouço algumas peças barrocas de Bach ou observo a competente e “mística” regência de um maestro conduzindo inúmeros instrumentos e vozes, aprecio muito. Entretanto, não sou tomado por um ímpeto interno de imitá-los, de me engajar em reproduzir com igual excelência suas habilidades artísticas. O fato é que existem habilidades que testemunhamos e nos satisfazemos em contemplá-las. Mas, existem habilidades que, quando se manifestam diante de nossos olhos, fazem nosso homem interior estremecer como que diante de um chamado divino a trilharmos semelhante caminho. Quando ouço boas exposições da Bíblia ou belas composições de adoração, e quando vejo alguém sendo usado para levar outra pessoa para mais perto de Deus, não tenho dúvidas que tenho estas tarefas também a cumprir. Quais habilidades fazem o seu coração arder e desejar imitar? Quais tipos de pessoas que, além de te impressionarem, também te constrangem a buscar fazer o mesmo que elas estão fazendo? “Não te faças negligente para com o dom que há em ti”, diz Paulo a Timóteo (1 Tm 4:14). “Se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo”, também afirma Paulo aos cristãos de Roma (Rm 12:7). Ou seja, preciso ter dois temores que trarão equilíbrio, humildade e coragem em minha jornada ministerial. O temor de fazer aquilo que Deus não me chamou para fazer e o temor de não fazer aquilo que Deus está me convocando a fazer. Se ministério, tenho que dedicar-me a isto, mas, se não, devo me dedicar a outra coisa. “Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado” (1 Co 7:17). Percebo, desde Moisés escrevendo o Pentateuco até João escrevendo o Apocalipse, que homens são chamados para escrever sobre Deus, sua obra e redenção. João vai dizer: “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna” (1 Jo 5:13). Os escritos destes homens da Bíblia são incomparáveis, inerrantes e insubstituíveis por serem da direta revelação divina para condução do seu povo e condenação dos incrédulos. Mas, também, a cada bom livro que leio, seja pastoral, ou histórico, ou filosófico, ou doutrinário, vejo o quanto Deus usa palavras escritas para nossa edificação. Palavras que fluem de homens que procuram entender e compartilhar as verdades reveladas na Palavra do Senhor. Agostinho, Lutero, João Calvino, Richard Baxter, John Bunyan, Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Dietrich Bonhoeffer, C.S. Lewis, Martin Lloyd Jones, Abraham Kyper, Francis Schaeffer, R. C. Sproul, A. W. Tozer, John Piper, John MacArthur, J. I. Packer, Hermistein Maia, Hernandes Dias Lopes, Augustus Nicodemus e tantos outros homens são incrivelmente usados por Deus para minha edificação. Escrever é uma destas habilidades que não só contemplo, mas me sinto impelido a imitar de alguma forma. Ainda na infância lembro-me de algumas poesias que rabiscava em meus cadernos de escola. Certa vez minha mãe, que era professora do Estado do Mato Grosso do Sul na época, retornou de uma de suas aulas preocupada com a rebeldia de alguns alunos. Fiquei impressionado com minha mãezinha peitando uns brutamontes no colégio. Na mesma época ouvi nos telejornais a velha situação da desvalorização dos educadores refletida nos baixos salários. Algumas poesias inflamadas contra a injustiça para com os professores fluíram em meus cadernos. Eram palavras ingênuas, utópicas, mas me ajudavam a colocar para fora pensamentos, sentimentos e dúvidas. Ao ler as palavras tocantes escritas por alguém sempre me senti atraído a escrever também. Eu tive uma experiência curiosa e cômica por volta dos 16 ou 17 anos. Inscrevi-me num concurso de poesias na igreja. Antes da apresentação, recitei para alguns todo o meu poema de cor e, na apresentação, tomei a “grande” decisão de recitá-lo de cor também. Comecei: “Pela atmosfera transtornada pelos tóxicos liberados, Há uma terra devastada de valores esgotados. Os céus ainda inatingidos pela humanidade destruidora, Onde os luzeiros constrangidos presenciam uma situação aterradora... Ó frutos de Eva, filhos do pai Adão, No que transformaram a terra, benção em maldição!” Mas, durante a declamação, o nervosismo foi tanto que terminei o próximo verso com uma rima que inventei na hora, abreviando pela metade meu tão trabalhado “poema escatológico”. Nem a sensação de que diverti os queridos irmãos me consolou naquele dia. Foi a primeira e última vez que tentei recitar um poema. Penso que muito da nossa timidez é fruto de uma alta autoestima doentia que gera uma baixa autoestima doentia. É um paradoxo mesmo. Achamos que todos querem saber quem somos (alta autoestima, autovalorização), e tememos que todos saibam quem somos (baixa autoestima, autodesvalorização). Às vezes, temos uma visão tão egocêntrica da vida que pequenas falhas, coitadas, são supervalorizadas. Vemos, então, uma conspiração mundial contra nós, como se minha poesia mal declamada fosse estourar uma terceira guerra mundial, como se alguém, além de mim se lembrasse dela ainda hoje. Deveria ter tentado declamá-la novamente, mas me achei demais “visado” e me acovardei. E se tivessem “olheiros” disfarçados ao lado das irmãzinhas da igreja procurando qual seria o próximo Carlos Drummond de Andrade que levariam para um treinamento na Europa? Síndrome de Neymar... A música me ajudou a memorizar e verbalizar mais sutilmente minhas palavras e, desde então, várias letras foram surgindo e delas as melodias. Do tempo em que fiz Seminário para cá, tenho procurado escrever meus sermões, e tenho muitos deles digitados comigo. As palavras registradas podem ter maior alcance. Sou inclinado a pensar que todos os pastores devem procurar escrever, mesmo que não muito, pois as pessoas que não puderem ouvir suas exposições da Palavra poderão ter acesso a elas por meio de uma pastoral, sermão, livro ou blog. Tenho consciência de que as minhas palavras são limitadas, meus recursos escassos, meu conhecimento superficial, meu caráter inseguro e minha fé pequena. Não afirmo isto para demonstrar humildade, pois se me orgulhasse de me autodiminuir, já não seria humilde diante de Deus. Aprendi com Jonathan Edwards que se um rei tira o sapato de outro rei, isto é humildade, mas se um servo se ajoelha para tirar o sapato do seu rei não é humildade, é o que se espera dele mesmo. A não ser que o servo seja cegamente cheio de si, não pensará ter feito algo de grande humildade, não se orgulhará do que fez como se fosse um ato de auto-rebaixamento. O servo veria seu ato como uma obrigação normal, pois saberia que realmente é inferior ao rei. Edwards afirma que “O homem verdadeiramente humilde nunca se sente que se rebaixou o suficiente perante Deus. Sente que não importa quanto se prostre, poderia prostrar-se ainda mais” . Como posso ter orgulho de expor minhas limitações, quando estou apenas admitindo o que sou? Diante de um Deus Santo e Soberano a penitencia não é humildade, mas honestidade e obediência. Mas, apesar de minhas limitações, quero prosseguir, ser e fazer tudo o que Deus me chama a fazer. Observando os homens usados por Deus na Bíblia, preciso concluir que Deus vem construindo a história do seu povo, da sua igreja, através dos obedientes e não dos melhores. Eu me surpreendo com a produção literária de alguns diante das adversas circunstâncias em que viveram. Os apóstolos Paulo, Pedro e João, ou Calvino, Knox e Bonhoeffer, são exemplos. Estou envolvido no ministério desde a infância e quão pouco consegui fazer até agora? Irmãos, acima de qualquer outra habilidade, a que mais devemos, não só contemplar, mas procurar imitar é a de obedecer a Deus. Jesus é nosso exemplo perfeito, e o apóstolo Paulo um grande exemplo de imitador de Cristo, “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. (1 Co 11:1). Que a habilidade de obedecer, não só contemplemos, mas imitemos. O que vai significar em sua vida imitar os homens que obedeceram a Deus? O que você precisa começar a fazer? Encerro fazendo da oração do Pr. Elbén César a minha oração: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pois sou pecador e aprendiz. Em meu incontido desejo de repassar para os outros as belezas que encontro na leitura da tua Palavra a cada manhã, peço-te que me dês capacidade para produzir textos edificantes. Dá-me uma porção daquilo que é necessário para cumprir e desenvolver essa aspiração. Dá-me substância, conteúdo, recado, mensagem. Algo que gere fé e convicção, conforto e esperança, arrependimento e transformação, alegria em meio à tristeza e consternação em meio à euforia. Filtra o que eu tenho para escrever e o que eu quero escrever. Ensina-me a construir em vez de destruir. Que a minha pena em tempo algum afaste alguém de ti. Dá-me exegese cuidadosa da tua Palavra. Que eu não me sirva dela de modo irresponsável e superficial, mas que ela se sirva de mim. Dá-me uma mentalidade bíblica. Que eu veja a história numa perspectiva bíblica. Que eu veja o presente numa perspectiva bíblica. Que eu enxergue o futuro numa perspectiva bíblica. Dá-me discernimento espiritual para eu não misturar as coisas nem deixar de distinguir o bem do mal, o doce do amargo, a luz das trevas e o trigo do joio. Dá-me coragem e equilíbrio no trato de temas controvertidos e apaixonantes, e capacidade para enfrentar o que é complexo. Dá-me a sabedoria que vem do alto, aquela que procede de ti, aquela que existe desde o princípio, aquela que mora com a prudência, aquela que vale mais que o ouro puro e a prata escolhida, aquela que tornaste disponível por meio da oração. Preciso muito de olhos que vejam, de ouvidos que ouçam e de coração que ame. Quero ser escravo e instrumento da Verdade. Afasta de mim as segundas intenções, os propósitos duvidosos, as alfinetadas desnecessárias, a crítica mordaz. Livra-me do desamor, do preconceito, do equívoco, da injustiça. Segura em tuas mãos as rédeas do meu pensamento, do meu raciocínio, da minha escrita. Não me deixes escrever o que não é para ser escrito. Não me deixes colocar bobagens no papel. Amém” Estes e outros textos podem ser visualizados no blog: obathos.blogspot.br/2013/06/o-que-vamos-imitar.html?spref=fb
Posted on: Tue, 11 Jun 2013 20:52:14 +0000

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