O reino dos céus, os ricos e os pobres Devido às diversas - TopicsExpress



          

O reino dos céus, os ricos e os pobres Devido às diversas leituras acerca do tema ‘riqueza’ versus ‘reinos dos céus’ surgiram propostas teológicas como o ‘evangelho social’ e a ‘teologia da libertação’... "Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?" ( Lc 12:20 ) Como interpretar a parábola do rico insensato? “E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus” ( Lc 12:16 -21). Após a leitura da parábola, podemos perguntar: o evangelho de Cristo é avesso aos ricos? Ser abastado financeiramente e ser salvo é impossível? Para ser um discípulo de Cristo é necessário ser desprovido de bens materiais? Deus não aceita os abastados de bens materiais? Ao homem que faz planos de angariar fortuna com o fito de viver abastado é negado acesso a graça de Deus? Devido às diversas leituras acerca do tema ‘riqueza’ versus ‘reinos dos céus’ surgiram propostas teológicas como o ‘evangelho social’ - movimento protestante norte-americano (1880-1930) sob influência do liberalismo teológico que pretendia apresentar uma resposta ‘cristã’ à situação de miserabilidade dos trabalhadores e imigrantes - e a ‘teologia da libertação’ - movimento que surgiu na América Latina em meados do século 20, articulado por teólogos católicos e protestantes, que diante das injustiças e exclusão social fomentado por um quadro de grandes tensões políticas, econômicas e sociais, levantaram uma bandeira centrada na ideia de um Deus ‘libertador’. Mas, qual é a proposta de Jesus ao propor a parábola do rico louco? Ele buscava uma transformação econômica e social das sociedades à época, ou uma revolução na mentalidade (metanoia) de seus ouvintes acerca de questões relativas ao reino dos céus? A parábola O primeiro passo para compreender a parábola do rico insensato é entender porque Jesus utilizava parábolas para falar ao povo de Israel. A resposta para esta pergunta é objetiva e foi apresentado pelo próprio Cristo: "Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem" ( Mt 13:13 ; Is 6:9 ). Ora, Jesus falava à multidão por parábola porque estava previsto que o Messias proporia aos seus ouvintes enigmas antigos "Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade" ( Sl 78:2 ; Mt 13:35 ). Enquanto Jesus cumpria as Escrituras falando ao povo por parábolas, o povo, por ser de dura servis, viam, ouviam e não compreendiam. O povo de Israel devia saber que Deus não falava abertamente (sem enigmas) com eles porque foi justamente isto que pediram quando não confiaram em Deus "E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos" ( Êx 20:19 ); "Filho do homem, propõe um enigma, e profere uma parábola para com a casa de Israel" ( Ez 17:2 ). Ouvir a voz de Deus sem enigmas era um privilegio de Moisés "Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?" ( Nm 12:8 ). Uma característica fundamental da palavra de Deus são as parábolas e os seus enigmas. O fato de Jesus falar por parábolas era um sinal de que Jesus era o Cristo e que falava as palavras de Deus "Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar" ( Jo 12:49 ). Como o povo de Israel não prestou atenção na mensagem de Jesus como o enviado de Deus, antes se escandalizaram por pensarem que Ele era filho de José e Maria ( Mt 13:54 -57), a profecia de Isaias cumpriu-se neles: “E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis” ( Mt 13:14 ). A exposição das parábolas ao povo era segundo a medida que podiam compreender, porém, os enigmas escapavam até mesmo aos discípulos, que em particular eram instruídos “E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus discípulos” ( Mc 4:33 -34); "E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas?" ( Mc 4:13 ). Os filhos de Jacó não ouviam, não compreendiam e não percebiam, não em função de Deus querer turvar-lhes o entendimento, antes não ouviam, não compreendiam e não percebiam porque eram de dura servis, ou seja, não se sujeitavam a Deus para obedecê-Lo “Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure” ( Mt 13:15 ). Quando Jesus contava uma parábola utilizava relações humanas, eventos do dia a dia, questões materiais, etc., porém, o foco era apresentar ao povo questões espirituais e que já foram abordadas nas Escrituras “Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” ( Mt 13:11 ). Por exemplo: quando Jesus conversou com Nicodemos e lhe disse que o vento sopra onde quer e ouve-se a sua voz, aparentemente foi utilizado eventos do cotidiano para explicar o novo nascimento, porém, Jesus citava as Escrituras “Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” ( Jo 3:12 ; Ec 11:5 ). O leitor das Escrituras precisa estar alerta, pois todas as parábolas contêm enigmas a serem desvendados. Interpretar uma parábola sem considerar os enigmas contidos nela é má conclusão na certa. Geralmente as parábolas apresentadas no Novo Testamento foram contadas para expor uma verdade defendida pelos profetas, salmos, provérbios e a lei. Sombra, mentira, vaidade "Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará" ( Sl 39:6 ) A parábola do rico ‘louco’ foi contada para evidenciar ao povo de Israel uma verdade contida no salmo 39, verso 6: ‘todo homem anda numa vã aparência’, ou seja, é como uma ‘sombra’, alienado de Deus que é a verdade o homem é ‘mentira’. O salmo não exclui os judeus desta condição quando diz: todo homem anda numa vã aparência! O verso 6 do Salmo 39 é inclusivo como o Salmo 53: “Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um” ( Sl 53:2 -3). Todos os homens se desviaram e juntamente se fizeram imundo, quer sejam gentios quer judeus. Todos juntamente se desviaram, e andam numa ‘vã aparência’. Por causa da separação decorrente da ofensa no Éden, todos os homens são comparáveis a uma sombra. O salmo 58 enfatiza a mesma ideia: “Desviam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nascem, proferindo mentiras” ( Sl 58:3 ). Todos os homens se desviaram de Deus, de modo que todos os que nascem da madre são ímpios, ou seja, proferem mentiras, quer sejam gentios ou judeus. Como todos os homens vêm ao mundo proveniente da madre e os ímpios desviam-se na madre, certo é que todos os homens por serem gerados segundo a semente corruptível de Adão são ímpios. Diante desta verdade evidenciada nas Escrituras, os judeus equivocadamente julgavam que a lei, os profetas e os salmos protestavam exclusivamente contra os gentios, e que somente os gentios se desviaram de Deus por não serem descendentes da carne de Abraão. Por serem descendentes da carne de Abraão, quando os judeus liam que ‘todos se desviaram de Deus’, prevaricavam quanto à interpretação, pois entendiam que as Escrituras protestavam somente contra os gentios, uma vez que os judeus entendiam que estava em uma condição diferenciada frente aos gentios por ter recebido a lei por intermédio de Moisés. Ao falar do tema, o apóstolo Paulo demonstrou que tudo o que a lei diz, dizia aos que estavam debaixo da lei, ou seja, aos judeus, de modo que, apesar de serem descendentes da carne de Abraão, os judeus também eram ímpios assim como os gentios, uma vez que todos se desviaram de Deus desde o ventre por serem filhos de Adão ( Rm 3:19 ). Diante das Escrituras fica claro que os judeus não são melhores que os gentios, pois ambos estão debaixo do pecado ( Rm 3:9 ), como se lê: ‘todo homem anda numa vã aparência’, ou seja, são mentirosos “De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado” ( Rm 3:4 ). Como o salmista sabia que Deus não fazia distinção alguma entre judeus e gentios, Davi admite (confessa) a sua condição quando clama: “Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares” ( Sl 51:4 ). Por que o salmista tinha certeza de que era pecador? Porque judeus e gentios igualmente são formados e concebidos em pecado “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” ( Rm 51:4 -5). O salmista Davi sabia que há somente duas gerações: uma é a geração dos ímpios e outra é a geração dos justos. Era de conhecimento do salmista que, não importam as ações dos homens, a recompensa deles é conforme a geração dos seus pais ( Sl 49:19 ). Temos duas sementes e duas gerações, sendo que a semente que permanecerá para sempre diz da semente do último Adão, e a semente que perece, a semente do primeiro pai da humanidade, Adão ( Sl 112:2 ; Sl 89:4 ; Sl 24:6 ; Sl 22:30 ). É em função desta realidade que Davi roga a Deus para ser gerado de novo segundo a sua palavra (semente incorruptível), que cria um novo coração e concede ao homem um novo espírito ( Sl 51:10 ; Ez 36:26 ). Os termos riqueza e pobreza são utilizados nas Escrituras para esclarecer a situação do pecador diante de Deus e é justamente fazendo alusão ao pecado que o termo riqueza é citado nas Escrituras, e a análise dos termos ‘riqueza’ e ‘pobreza’ é imprescindível para responder às questões. Como é possível ‘todo homem’ amontoar riquezas e não saber quem as levará, se na sua maioria os homens são desprovidos de bens materiais? Os bens de um homem, quer pobres ou ricos, não ficam sob o cuidado de seus herdeiros? Quando analisamos o verso 6 do Salmo 39, temos que nos perguntar: estamos diante de uma parábola e seus enigmas, ou há um equivoco na abordagem do salmista? Como é possível haver tantos homens desprovidos de bens materiais no mundo se o salmo diz que ‘todo’ homem amontoam riquezas? "Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará" ( Sl 39:6 ). Os judeus deviam ter o cuidado de, ao ler as Escrituras, se perguntarem por que elas dizem que ‘todos’ os homens ‘andam em vã aparência’, e porque elas não contem uma ressalva quanto aos judeus dizendo: todo homem, exceto os descendentes da carne de Abraão, andam numa vã aparência. Se tivessem o cuidado de observar que as Escrituras protestavam que todo homem amontoam riquezas e não sabem quem as levará, deveriam inquirir por que existiam tantos pobres.
Posted on: Tue, 16 Jul 2013 20:18:28 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015