Onde está Wally? JOSÉ ANTONIO ZECHIN Na década de 90, a série - TopicsExpress



          

Onde está Wally? JOSÉ ANTONIO ZECHIN Na década de 90, a série de livros infanto-juvenis “Where’s Wally?”, criada pelo ilustrador britânico Martin Handford, tornou-se uma verdadeira febre. Wally era um personagem perdido no meio da multidão. O grande desafio dos leitores era encontrá-lo com sua camisa listrada entre milhares de pessoas numa praia, praça ou qualquer lugar onde ficava sempre camuflado. Voltando ao presente, nestes áureos tempos de consciência democrática do povo, onde está Lulla, onde se esconde aquele que se achava o Senhor das ruas? Sabe por que eu não gosto do Senhor Lulla? Porque é um ególatra (traduzindo: pessoa que idolatra o próprio eu). O Lulla tem o ego atrofiado. Considera-se o novo Messias, aquele que criou a frase “Nunca antes nesse país...”, quase o inventor desta nação, não fosse Pedro Álvares Cabral. Aquele que — no seu próprio conceito (e dos bajuladores ao redor) —, colocou o país nos trilhos, acabou com a fome, elevou todos os pobres à encantada classe média, deu voz aos índios e negros, “quase” resolveu as desavenças entre judeus e palestinos (pensando no Nobel da Paz). Enfim, essas coisinhas. Quase salvou o mundo e praticamente devolveu o Éden à humanidade. Jesus deve estar se remoendo de ciúme com tamanha competência deífica. Nem Ele próprio seria capaz de tamanha façanha. Não gosto porque ele é autoritário, populista e mente. Pior, coopta as pessoas e abandona os amigos nos momentos em que eles mais precisam. Judas não faria melhor. Quer exemplos? Como ele tratou os “cumpanhêro” do Mensalão a não ser dizer, repetidas vezes, que nunca soube de nada? O que aconteceu com os prefeitos assassinados de Campinas, Toninho dos Santos, e de Santo André, Celso Daniel? O ególatra Lulla tem um conceito particular que aplica na vida pessoal e na do povo brasileiro: o dá certo, ele foi o responsável; o que dá errado, os outros foram culpados. O pior de tudo — e que me incomoda tanto — é que o brasileiro sempre foi cego a estas questões, envolvido pela mitificação do homem de origem simples que alcançou o poder, “gente do povo”, aquele cuja mãe nasceu analfabeta (só rindo mesmo!). Infelizmente, muitos opinam sem um mínimo de informação político-social e poucos percebem que o Senhor Lulla deu início a um grave processo neste país (espero que tenha acabado), de contrapor pobres contra ricos, intelectuais versus iletrados. Uma perigosa divisão de classes sociais. Agora mesmo tem gente incomodada porque Fernando Henrique Cardoso foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Sugiro que, antes de emitir uma opinião desastrada, procure conhecer a obra literária deste sociólogo, não do ex-presidente. Muito diferente de José “Marimbondo de Fogo” Sarney, ele não está lá por questões políticas. Mas brasileiro desinformado tem essa síndrome de inferioridade, o tal “complexo de vira-lata”. Tom Jobim já dizia: “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”. Vamos simplificar tudo isso. Responda a esta simples pergunta: — Você está satisfeito com o que recebe do Governo em troca dos altos impostos que paga? Está satisfeito com o sistema de saúde, com a segurança, com a educação (vivem organizando sistemas e mais sistemas de avaliação, se preocupando mais com o termômetro do que com a doença)? Está contente com o nível de corrupção que aumentou assustadoramente neste país aparelhado pelo PT? Então, sem preconceitos de vira-lata, sua sincera e honesta resposta será suficiente para explicar tudo o que está acontecendo no Brasil hoje. Depois de dez anos, colocar a culpa em quem? Resumidamente, estamos vivendo uma crise de representação política. Independentemente da necessidade e do respeito que merecem as instituições, as autoridades que as representam não têm mais a consideração do povo porque seus anseios não são atendidos. Sem exageros, para determinar a “proximidade” entre governo e povo: se o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional estivessem em Marte, não faria a menor diferença. A distância é praticamente a mesma. Qualquer pessoa medianamente politizada sabe que um país democrático exige partidos políticos consistentes e coerentes com suas ideologias. Tudo o que o Brasil não precisa é de falsos profetas, partidos de aluguel e políticos profissionais. Fui dos tempos do bipartidarismo: MDB e Arena. Depois veio a proliferação de dezenas de partidos que em nada contribuem para o país a não ser levar vantagens pessoais quando das eleições. Lembro-me do plebiscito sobre o sistema de governo no Brasil, em 1993, para escolher entre presidencialismo ou parlamentarismo. Eu votei no parlamentarismo, que foi derrotado. Aguardemos que tipo de plebiscito ou referendo virá pela frente (ao custo mínimo de 500 milhões de reais) sobre a reforma política. E pergunto se, sobre tema tão complexo e importante, não haveria forma mais sensata de se fazer esta tão prometida e sonhada “reforma política”? Então, onde está aquele que um dia chamou os congressistas de “os 500 picaretas com anel de doutor”? Cadê o amiguinho do Maluf, do Sarney, do Collor, do Renan et caterva? Como anda a vergonhosa investigação sobre a gatinha Rosemary, com seu passaporte diplomático especial, viajando escondida entre as bagagens dos aviões e sorrateira nos corredores dos hotéis? Quantos ternos Armani e gravatas Hermés o Senhor Lulla tem em seu guarda-roupa? Além do cultuado rótulo Romaneé-Conti, que outros vinhos ele tem em sua adega? O Lulla é povo ou elite? Como já disseram: o que é dele, é dele; o que é dos outros pode ser dividido. Espero realmente que a nação brasileira tenha despertado de vez e não durma nunca mais! Enfim, você sabe por onde anda o Senhor Lulla?...
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 11:23:16 +0000

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