Onde estão as minhas pessoas agora? Eu tento falar mas ninguém - TopicsExpress



          

Onde estão as minhas pessoas agora? Eu tento falar mas ninguém parece me ouvir. Eu estou invisível? Ou as minhas pessoas simplesmente nunca têm tempo? Ou não se interessam? O que nos seduz e o que nos repele? O que nos faz párar no tempo? O que nos faz perder o fôlego? O que nos torna o que somos? O que faz com que algumas pessoas sejam nossas e todo o resto do mundo não? Eu observo as minhas pessoas. Estão sempre tão ocupadas com seus cigarros e seus relógios de pulso! Coçam a cabeça, murmuram qualquer coisa e desligam o telefone porque os créditos estão acabando. Elas são monossilábicas, as minhas pessoas. São confusas, comediantes, imprecisas. Elas vão e vem, sem qualquer aviso prévio. São falhas, ausentes e misteriosas! Durante a semana, pode esquecer! Elas estão sempre correndo pra lá e pra cá, como se o mundo fosse acabar amanhã. Esquecem de si e de mim. E, poxa, às vezes a gente só precisa dizer “alô” ou dividir uma garrafa de cerveja com alguém num boteco de calçada cheio de baratas pelo chão. A vida se resume ao que você consegue viver depois do expediente. Antes disso: esquece! Me esquece! Eu não existo! Que dirá as minhas pessoas! Então está tudo certo, a gente se encontra numa outra vida…onde o dia comece depois das 18 horas. Aos sábados, eu penso que tudo pode mudar mas aí as minhas pessoas preferem se trancar em locais fechados, esfumaçados…onde luzes estroboscópicas piscam na sua cara e milhares de decibéis fazem cócegas violentas nos seus ouvidos! Então, eu continuo falando mas…quem se importa? Os terremotos estão sacudindo o planeta mas…quem os ouve? O mundo faz tanto barulho que já nem nos escutamos mais! Por falta de tempo, de vontade, de capacidade! Mas, quer saber? As minhas pessoas são legais! Se parecem comigo! São a minha gente. E eu não abro mão delas…mesmo quando são falhas, ausentes e misteriosas! Eu só queria que elas lembrassem que, para além da vida comum, existem sons invisíveis que nos chamam, que nos tele-transportam, que nos colocam numa mesma linha magnética…que vulgarmente chamamos de afinidade. Falo de uma mesma freqüência afetiva que faz com que a gente se perceba, se pertença, se adote…que nos selam uns nos outros…mesmo que distantes…independente de que horas são e de onde estamos agora! . *Autoria: Maíra Viana
Posted on: Fri, 15 Nov 2013 19:33:19 +0000

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