Ontem, na casa de Luige, fui assistir o roda viva com o Slavoj - TopicsExpress



          

Ontem, na casa de Luige, fui assistir o roda viva com o Slavoj Zizek, filósofo-pop do momento, ao menos no que tange à ala mais à esquerda (afinal de contas, há os Richards Rortys, Richards Dawkins, dentre outros, nos outros espectros políticos). Eu continuo com meu mal-estar sentido na primeira entrevista do Zizek ao Roda Viva, e também outras intervenções que ele faz. Basicamente penso que há uma superestimação do pensamento do Zizek e ela aparece quando querem colocá-lo numa posição diferente da qual ele se propõe a estar. Por exemplo, Zizek parou em Lênin, nunca leu Trótski, não faz a menor ideia do que seja “desenvolvimento desigual e combinado”, para ele a “periferia do capitalismo” é um apêndice atrasado a ser superado, por isso ele não tem nada a dizer sobre a América Latina (a não ser a colocação lastimável de que a América Latina jamais possa produzir alguma coisa que tenha significado global ou alguns “lugares comuns” vergonhosos sobre o PT, Chávez etc.). Ainda que passe 10 minutos ininterruptos falando sobre isso, ele não falará nada sobre "isso". Outro exemplo, Zizek não faz a menor ideia do que é essa atual crise do capital (nem ele, nem Negri, nem Badiou), não adianta perguntar a ele, pois ele não tem nada a dizer sobre isso, ainda que passe 10 minutos ininterruptos falando acerca "disso". Último exemplo, também não adianta procurar uma conceituação mais concreta em Zizek, porque ele simplesmente não falará em desemprego estrutural, em trabalho, em terceira revolução tecnológica, em composição orgânica do capital etc. Os exemplos são muitos... mas vamos devagar, não porque o santo seja de barro, mas porque o cara está nas graças da galera. P.S: Li alguns livros do Zizek. Seu livro "Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia" é um dos melhores que já li na minha vida. Portanto, considero-o realmente um pensador que vale a pena ser lido, em conjunto, inclusive, com Terry Eagleton e Russell Jacoby. Mas me parece haver certo frenesi exagerado em torno do Zizek. Ele está mais para um provocador, alguém preocupado em instigar os outros a pensar. "Só". O que não é pouco, mas, também, convenhamos, não é muito.
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 12:55:07 +0000

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