Opinião por Antônio Araújo “TENDO SAÚDE, TUDO O MAIS SE RESOLVE” Pedir a benção aos pais, aos avós, aos tios e aos padrinhos é uma tradição cristã que está sendo quebrada pelas novíssimas gerações. Diante da bênção cristãmente suplicada a resposta mais frequente é “Deus te abençoe”, embora algumas pessoas respondam “Deus te faça feliz”, e outras, “Deus te dê saúde”. A saúde, como se percebe, é elevada à condição de dádiva divina, e a sua importância na vida das pessoas era tamanha, e continua a ser, que se tornou voz corrente a expressão “tendo saúde, tudo o mais se resolve”. Pois foi exatamente por motivo de saúde que uma senhora de meia idade, sem marido, faxineira, mãe de três filhos, contratada de uma empresa prestadora de serviços para trabalhar como terceirizada em um condomínio residencial, foi bater à porta da Previdência Social. Acostumada a trabalhar desde a adolescência, nunca foi de faltar ao trabalho. E agora, suspensa duas vezes por motivo de falta, está na iminência de ser demitida por justa causa, quando, na verdade, o seu absenteísmo tem uma justificativa plausível: as insuportáveis dores na coluna que estão impedindo-a de exercer, regularmente, o seu ofício de faxineira, só lhe restando a opção de buscar o benefício previdenciário a que faz jus qualquer trabalhador acometido de doenças laborais. Foi a partir de tais circunstâncias que essa senhora compareceu a uma agência do INSS e lá foi encaminhada ao setor de perícia onde respondeu perguntas, intercaladas com perfunctórios exames médicos, para, ao final, receber um laudo pericial atestando saúde perfeita e plenas condições para o trabalho diário. E agora, o que fazer, se a sua dor não foi suficiente para penetrar nos limites burocratizados do laudo pericial? E agora? Só lhe resta ir ao Poder Judiciário, buscar na sensibilidade da Justiça o que lhe foi negado pela insensibilidade da medicina.
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 07:04:39 +0000
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