Os seus 60 anos já haviam passado quando os meninos se reuniam em - TopicsExpress



          

Os seus 60 anos já haviam passado quando os meninos se reuniam em sua sala. No aparelho de som, vinis e compactos de bandas de rock de vários estilos, música clássica, chorinho e MPB. Cabeça branca, viúva, de poucas palavras, santista fanática. Dona Amélia era assim, uma daquelas pessoas que não precisavam contar uma história traçada com fatos e mentiras para atrair respeito e carinho. Não era daquelas que deixavam as pessoas de lado. Sempre tinha uma solução. Uma delas foi, praticamente, doar uma casa ao lado da sua para que aqueles mesmos meninos pudessem aumentar os amigos e viver algumas cenas que só víamos em filmes e livros. E assim nascia o Templo, um lugar repleto de boas leituras, álcool, rock and roll e todas aquelas outras aventuras que a adolescência permite. Mas isso, sempre supervisionado por aquela mulher de vestido longo e chinelo. "Não deixem meu neto beber. Não usem drogas. Curtam a vida, sem perdê-la". Este era o ensinamento. E assim aprendemos mais com os ensinamentos que trazíamos de casa na mochila, dividindo espaço com camisetas de bandas, mais CDs, e os 16 anos. Quando se falava em banda, por mais barulhenta que fosse, ela estava lá, incentivando. "Tranquem o quarto e não atrapalhem os vizinhos. Do mais, podem tocar". Entre tantas boas memórias, uma gota de lágrima. Com carinho, à dona Amélia Zagatti. Amiga-avó! Que descanse em paz.
Posted on: Thu, 29 Aug 2013 21:20:41 +0000

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