PARA UMA CRÍTICA DAS PERSPETIVAS RECENTES DA UNIÃO EUROPEIA - TopicsExpress



          

PARA UMA CRÍTICA DAS PERSPETIVAS RECENTES DA UNIÃO EUROPEIA SOBRE O ENSINO SUPERIOR A União Europeia publicou, em 18 de Junho de 2013, 16 recomendações para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem no ensino superior (europa.eu/rapid/press-release_IP-13-554_pt.htm). Estas recomendações resultam do trabalho desenvolvido pelo Grupo de Alto Nível sobre a Modernização do Ensino Superior presidido pela antiga Presidente da Irlanda Mary McAleese. Um dos aspetos mais destacados neste conjunto de recomendações é a defesa de que o ensino deve ter tanta importância quanto a investigação no quadro das instituições de ensino superior europeias. Assim sendo, a formação pedagógica dos docentes do ensino superior é apresentada como uma prioridade que deve ser apoiada, promovida e recompensada pelas instituições de ensino superior, recomendando-se mesmo que, em 2020, todo o pessoal docente deste nível de ensino deverá ter recebido formação pedagógica certificada. Se genericamente esta preocupação com a formação pedagógica dos docentes de ensino superior nos parece salutar, interrogamos porém que modelos e estratégias serão adoptados para a promover. O facto de, nomeadamente em Portugal, os docentes de ensino superior constituírem um grupo profissional envelhecido aconselha a que se encontrem formas de atuação que não ignorem os saberes construídos ao longo dos anos por estes profissionais - em muitos casos isoladamente - através da experimentação, reflexão e crítica sobre a sua própria prática pedagógica. Uma estratégia deste tipo não é compatível com modelos de formação pedagógica dos docentes de ensino superior estandardizados e uniformes, que sejam aplicados sem ter em consideração os saberes existentes e a diversidade de contextos em que os docentes ensinam. Um outro aspeto salientado nas recomendações publicadas é a ideia de que os planos curriculares devem ser desenvolvidos e controlados através de parcerias entre os professores, os estudantes, os diplomados e os agentes do mercado de trabalho, sendo enunciada a necessidade de novos métodos de ensino e de aprendizagem para que os estudantes adquiram competências adequadas que melhorem a sua empregabilidade. Aliás, a última recomendação incentiva os Estados-Membros a dar prioridade, ao abrigo dos fundos estruturais, à concepção e aplicação de programas adequados às necessidades sociais e do mercado de trabalho, reforçando parcerias entre o ensino superior e as empresas. Ainda que não pretendamos defender o alheamento das instituições de ensino superior relativamente aos contextos sociais e económicos em que atuam, julgamos que é fundamental não as entender como sendo centros de formação profissional ao serviço de necessidades do mercado de trabalho que são naturalmente voláteis e nem sempre coincidentes com a formação de cidadãos e o desenvolvimento do conhecimento científico que constituem missões essenciais do ensino superior. Acresce também que a empregabilidade dos diplomados de ensino superior resulta, como sabemos, de um conjunto complexo de fatores e variáveis. Se de algum modo é influenciada pela oferta formativa no ensino superior e pelo modo como a mesma é desenvolvida nos planos curricular e pedagógico, é ainda mais significativamente afetada por elementos ligados à situação económica e do mercado de trabalho num dado momento, bem como às políticas educativas, sociais e económicas.
Posted on: Wed, 03 Jul 2013 09:39:45 +0000

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