POEMA DO TEMPO, DE UM DESAMOR E DE UM INCONTINENTE Espero longa e demoradamente por ti pelos avessos do tempo, escondido por trás de ponteiros lisos do relógio. Esse estúpido relógio que faz barulho e impõe de tal um movimento fascista na cadência milimétrica da vida. Uma ideia parva do tempo, da vida, das coisas, das pessoas e alguns outros ectceteras. Preferia ser órfão sem pátria, patrimónios e lides culturais, ser livre de conveniências e conceitos, sem paterno e suas noções graves, sair desgovernado pelo ar a procura das horas que não existem atrás de copos cheios de absinto, do meu esquecimento e emborcar esse carnívoro temporal, e da memória, que se esquece de tudo, de si e das merdas que o compõem. E se não fossem não seria eu quem sou, mas com o pesar do estilo crio versos estúpidos, irónicos, perversos cheios de estilo e de merda tal a mão de um artista lírico em bailado cujo movimento se confunde com a sua essência ao cagar, que o papel ao limpar sua alma se acidenta com pedaços grossos e sebosos da merda que o preenche e assim criei a fábula. O pesar da alma e do cu. E no reflexo absurdo de tantos propósitos da alma, reflexo absinto, poder despejar e esbanjar palavras desidratas cuspidas pelas babas secas matinais, e com hálito nojento com as palavras coladas aos lábios voltar a emborcar para idratar, para lembrar e dar vida às partes mortas do cérebro. E espero, espero, espero, espero e espero, espero e espero e espero ..., tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, ... e a morte bate a porta e ainda não chegaste !
Posted on: Wed, 24 Jul 2013 05:09:53 +0000