POLÍCIA DESMILITAR Que Polícia queremos no Brasil? Texto: - TopicsExpress



          

POLÍCIA DESMILITAR Que Polícia queremos no Brasil? Texto: Mauro Celso. Capítulo III: • Salvem meu governo! -Vamos Cardoso, eu não posso chegar atrasado. Não sei que tipo de reunião urgente é essa que o Dr. Filgueira inventou. Mas, tenho que obedecer a seu chamado. Vamos! Já passava um pouco das 8h quando o carro oficial da SEGUP saiu do prédio principal do órgão e se dirigiu às pressas ao Centro Integrado de Governo, onde o governador aguardava todos os seus secretários e representantes no salão principal. Joaquim Silvério se encontrou com os secretários do meio ambiente e da saúde na entrada do elevador, indagou-os sobre o conteúdo da conversa, mas não conseguiu obter nada de concreto. Todos estavam na mesma incerteza quando se sentaram, uns se entreolhavam com murmúrios e outros preferiam guardar silêncio. O representante da segurança pública aliviou-se ao ver seu amigo entrar e sentar-se em seu lugar de praxe. Talvez ele tivesse um plano para melhorar as coisas, pois todos ali pareciam ignorar o fato da existência das manifestações que ocorrem em todo o país. As manifestações de rua se alastraram por todo o Brasil, se iniciaram em São Paulo e se espalharam pelas capitais até mesmo em outras cidades de grande porte. Isso perturbou de maneira profunda a paz dos políticos e governantes, ainda que todos acreditassem que seria passageira e sem foco, porém perceberam que algo precisava ser feito para que aquilo não continuasse acontecendo. E no Pará, algo que marcou profundamente as manifestações além dos pedidos de mais saúde, mais educação, mais segurança, chega de corrupção, entre outros, a rejeição do governo de João Nunes Filgueira foi o foco central em quase todas as principais cidades do Estado em que ocorreram os movimentos de rua. O governador Filgueira usou todo o seu plano de propaganda política para disfarçar na imprensa o que o povo retratava, no entanto, a oposição não perdeu tempo em espalhar o que ele mascarava. Seu governo estava ruindo. Após três anos de gestão, o governador visionário não estava agradando mais, pois o povo se perguntava nas ruas através de cartazes sobre suas obras, resultados etc. As redes sociais estavam repletas de postagens repudiando seu nome para o próximo pleito, ele tentou uma manobra muito inteligente, porém, que se mostrou pouco eficaz. Ele ordenou que todos os seus assessores criassem vários perfis nas redes sociais com propaganda pró-governo, uma espécie de marketing virtual. No entanto, o numero de defensores foi engolido pela enxurrada de reclamações e discussões, as quais chegaram até em ameaças contra a vida. Até que o organizador do movimento de rua se manifestou indicando que os internautas bloqueassem os perfis desconhecidos que defendiam o governo por se tratarem de perfis falsos. Enfim, em quase toda a imensa região do Estado paraense, nada havia para apontar. Nem um ovo para chocar, e com a eleição se aproximando, ele precisava agir rápido. Decidiu então, reunir todos os seus secretários e agentes para consultá-los e arrancar deles algo de novo. E foi isso que fez naquela manhã quando deixou todos surpresos com a sinceridade de sua pergunta: -Alguém, por favor, tem alguma ideia que venha salvar meu governo? Muitos burburinhos, mas nenhuma opinião saiu do meio dos entrevistados. Aquilo irritou em demasia o governador, no entanto, ele preferiu repetir a pergunta: -Alguém, por favor, tem alguma ideia de como eu posso salvar meu governo? -Ele deve está chateado com a pesquisa do jornal em que apontou uma rejeição de 79%. Murmurou o secretário de Saúde no ouvido de Joaquim. -O que disse Carlos? Você disse alguma coisa? A última vez que me encontrei com você, me disse que na saúde estava tudo tranquilo. Nada que não possamos dar um jeito. E agora? Nada a dizer, não é? -N-não senhor! -E você Joaquim, tem alguma solução para acabar com essa tal de “Sensação de Insegurança”? Joaquim Silvério iria balbuciar alguma coisa após organizar as ideias em sua mente, quando alguém notou a ausência de Jeronimo Albuquerque, o vice-governador. Nunes Filgueira se voltou para o lugar de onde ele presumia que teria vindo a pergunta, e sem indagar quem a havia feito, ele vociferou: -Até que enfim alguém observou a ausência de meu vice. Afinal, ele é tão acanhado que ninguém percebe sua presença. Porém, a imprensa de oposição se encarregará de fazer com que toda a população paraense note a sua falta. Isso mesmo! Ele nos abandonou! A cadeira da vice-governadoria está vazia. A notícia foi um choque para alguns, mas não para aqueles que sabiam de quase tudo que ocorre nos bastidores. O governador fitou os olhos de cada um no intuito de perceber alguma felicidade, ou ao menos, um brilho no olhar que delatasse um traidor no meio de sua cúpula. Contudo, não pôde extrair nada de concreto que ele pudesse apontar um culpado, todavia, mesmo que identificasse um opositor se fazendo de amigo, na altura do campeonato, uma demissão sem explicação só aumentaria o numero de inimigos, e ele não precisava disso. Não precisava de mais divisão, pois a saída de seu vice levou consigo uma boa parcela de assessores além da confiança total em sua gestão pelos colaboradores em geral. Precisava de união, ou melhor, de uma união em um mesmo objetivo, um mesmo alvo que levassem todos, na verdade, o conduzisse a salvação de seu governo. Enquanto isso, em uma casa de apoio no bairro do Jurunas, um grupo considerável de estudantes se espremiam em uma reuniam com o intuito de discutir o futuro das manifestações de rua. Buscavam maneiras de como impedir a infiltração de vândalos nos encontros, pois o confronto com a polícia estava dando margem pra mídia marginalizar o movimento, e o grande objetivo do governo era desgastar a imagem dos manifestantes para, enfim, enfraquecê-los. De maneira surpreendente, a cada encontro urbano, o numero de presentes aumentava ainda mais, dando estímulos a uma nova cidade aderir à causa. Além da capital, de Ananindeua a Benevides, Castanhal, Salinas, Bragança e Paragominas, Tucuruí, Marabá, Goianésia, Tailândia, Parauapebas, Altamira e Santarém. E agora, as pequenas cidades também embarcavam no movimento de rua, fazendo seus prefeitos encher o palácio do governo de ligações solicitando ajuda para conter a multidão. O país todo está um caos, porém, no Estado nortista, as coisas tomariam rumos históricos a partir deste agrupamento de jovens. E pedindo a palavra no meio de seus colegas, um jovem estudante de direito, com sua aparência de cantor de sertanejo universitário, quis propor sua ideia que há muito ele havia imaginado: -Em cada encontro, o numero de pessoas presentes aumenta em milhares. O recado de insatisfação junto à política brasileira já foi dado por todos no Brasil. Conseguimos que eles voltassem seus umbigos um pouco para nós, o povo. A PEC 37 não foi sancionada, porém os “mensaleiros” ainda continuam impunes. E o que fazer para não se ter uma desordem geral no país e no fim nós não termos saído do lugar? Todos permaneceram calados aguardando onde o jovem queria chegar com seu acanhado discurso, ao mesmo tempo em que assentiam sobre a necessidade de se ter um objetivo: -Destruir aquilo que desejamos a vida toda que um dia melhorasse não é a saída! Principalmente, porque não estão sendo destruídas as mansões dos políticos e nem seus carros de luxo estão sendo queimados, e sim, estações rodoviárias e ônibus, entre outros bens que foram criados e conquistados para o nosso uso. -E aí espertinho, o que tu acha que devemos fazer? Esbravejou um rapaz com uma viseira vermelha na cabeça. -Calma pessoal! Falou o outro jovem que tentava organizar tudo. Continue por favor! -Bom, gente. Alguém aqui já ouviu falar em Projeto de Lei de Iniciativa Popular? Indagou o estudante de direito e depois de um silêncio, uma voz bem atrás indicou uma resposta: -É aquele projeto que é feito pelo próprio povo, mas que necessita de uma quantidade de assinaturas para ser aprovado? -Sim, é esse mesmo. O Projeto de Lei de Iniciativa Popular é a expressão direta da vontade do povo sem precisar do intermédio de um parlamentar. Ou seja, é propriamente o poder emanando do povo. -E o que isso tem a ver conosco Carlos? Indagou o líder do grupo. -Gustavo, você ainda não consegue vê? Se nós deliberássemos sobre uma lei que há tanto almejamos, podemos levá-la a uma apreciação direta durante as manifestações de rua, onde colheríamos as assinaturas necessárias. Posteriormente, encaminharíamos o projeto de lei para à câmara de vereadores, ou mesmo à Alepa, dependendo da abrangência da lei. -Calma aí, Carlos! Interrompeu o líder Gustavo, você está indo rápido demais. Explique para nós direitinho o que é esse tal projeto de não sei-o-que? -Está bem! O Projeto de Lei de Iniciativa Popular consiste no seguinte: qualquer um do povo pode criar uma lei e dependendo de sua abrangência, necessita de certa porcentagem de assinaturas dos eleitores. Por exemplo, se a lei irá envolver apenas um bairro, o projeto precisa da porcentagem das assinaturas dos eleitores que moram neste bairro para ser encaminhada para, neste caso, ser apreciada pela câmara dos vereadores da cidade a que este bairro pertence. Carlos parou um instante para respirar e perceber se todos à sua volta estavam compreendo sua explicação. Portanto, sem ninguém manifestar qualquer duvida ou pergunta, ele continuou: -Se a lei for sobre o município, precisa de certa porcentagem das assinaturas dos eleitores que moram em bairros diferentes nesta mesma cidade... -Se for de alcance sobre o Estado, interrompeu Gustavo para mostrar que estava entendendo seu amigo, o projeto precisa porcentagem das assinaturas dos eleitores deste Estado, correto? -Sim, respondeu Carlos, mas é preciso ficar claro que no caso de uma circunscrição maior, cidade, estado ou país, que as assinaturas precisam ser de localidades diferentes. -Como assim? Indagou o rapaz com a viseira vermelha. -No caso das cidades, as assinaturas tem que ser de bairros diferentes. Nos Estados, de cidades diferentes. E no país, de estados diferentes em todas as regiões norte, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste. -Muito simples! Intrometeu-se outro jovem de pele escura e cavanhaque vestindo uma camisa com o rosto do cantor Renato Russo na estampa, mas temos outro problema! -Qual? Indagaram quase todos juntos e o jovem continuou: -Depois de termos todo esse trabalho, quem nos garante que o projeto será votado e passará nas mãos desses políticos. Talvez eles nem recebam! -Aí que você se engana Marcos, manifestou-se o estudante de direito, o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, ao contrário de um projeto tirado da cabeça de um político, o qual acha que aquele seu projeto o povo irá gostar ou mesmo concordar, este, por representar a vontade explícita do povo, tem precedência sobre qualquer outro projeto de qualquer parlamentar. Ou seja, tem que entrar na pauta do dia em caráter de urgência. -Igual como aconteceu com a lei do crime hediondo e a lei da ficha limpa?Perguntou outro jovem. -Isso! E eles não podem rejeitar a vontade direta do povo, seria uma profunda depravação de descaramento vinda deles. -Minha nossa, Carlos! Você já se deu conta do que acaba de propor? -Do que você está falando Gustavo? -Se isso se concretizar e houver o comprometimento de todos os cidadãos. Você acaba de propor a obsolescência do político no Brasil! -“Obsol” ou que? Indagou o jovem de viseira sem entender o que seu amigo falava e puxando sua camisa branca que trazia a frase “Vem pra rua!” no peito. Gustavo, que também é negro, virou-se para seu interpelador e respondeu com um tom de vislumbre: -Vamos aposentar quase todos os políticos neste país! -Sim! Exclamou Carlos, vamos começar pela câmara municipal de Belém, depois para a Assembleia Legislativa, e partiremos para o congresso nacional! -Viva a democracia! Bradou alguém no meio da turba e todos o seguiram: -Viva!!! Continua no próximo capítulo...
Posted on: Mon, 04 Nov 2013 14:42:43 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015