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POR BAIXO DOS PANOS Nem sempre a gente presta atenção no que dizem os poetas e artistas da MPB. É o caso da canção Por Baixo dos Panos. Como toda obra de arte é sempre atual. Não fica velha nunca. O Congresso vota a manutenção ou a derrubada do veto da presidência secretamente. Deixam de lado o valiosíssimo e eficientíssimo painel de votação que tem um grande defeito de fabricação: mostra o nome de cada parlamentar e se ele votou sim ou não. Um atentado a intimidade dos representantes do povo. O painel deve ser contra a democracia uma vez que expõe sua excelência ao furor do poderoso Leviatã, o executivo, que pode cometer represálias contra ele e atentar contra a sua sacro santa reeleição. Por isso o voto é secretíssimo, inviolável como as confissões feitas ao sacerdote, advogado e médico. Para manter esse princípio basilar da democracia, usa-se o voto de papel. Podia ser um ostracon, como na antiga Grécia, mas aí o custo subiria uma vez que teriam que mobilizar um ministro de pesca e dezenas de cupinchas para abastecer o Congresso com casca de ostra. Aparentemente o voto secreto é sadio e um esteio para a independência do representante popular. Contudo ele proporciona que ocorram muitas coisas por baixo dos panos, algumas sugestivas como os participantes dos realities shows sob os edredons do amor. Graças a essa instituição de papel é possível fazer as melhores barganhas da república. O parlamentar exige do executivo que este atenda aos seus pleitos, geralmente na forma de liberação das emendas cidadãs, com as quais ele adoça o título do eleitor de sua freguesia e garante mais votinhos para a sua reeleição. Pode também barganhar cargos nas estatais ou repartições, afinal onde é que ele vai empregar a namorada do filho que já está pendurado no seu saturado gabinete? A contra partida é votar os projetos do governo. O voto secreto dá uma vigorosa contribuição para destruir o mito repetido em países de democracia capenga, como a Inglaterra. Lá, quem é da situação vota com o governo. Quem é da oposição vota contra o governo. As vezes, quando é do interesse nacional, todos votam juntos. O instituto do voto secreto é mais valioso do que um relés pagador de imposto pode imaginar. Sem ele o governo não funciona. Teoricamente o governo é formado pelo presidente, um penca de ministros e os partidos que apoiam o governo. Na prática não. Governo é o presidente e a sua capacidade de barganhar por debaixo dos panos. O cinismo tem que ser amplo geral, irrestrito e supra partidário. Afinal, o voto secreto na cédula de papel permite a perpetuação do Efeito Macunaíma, ou seja, a excelência, mesmo conseguindo tudo que pediu, pode trair. Talvez repicar com sadismo o que sofre na sua vida amorosa e pessoal. É por isso que os sátrapas do governo sempre erram na contagem. O que deveria ser apoiado com ampla maioria da base governo, passa quase raspando. Como diz o meu companheiro da Record News, Ricardo Kotscho, “ ta tudo virado de pernas para o ar”. Agora graças ao baluarte da moralidade que comanda o Congresso esse quadro dantesco vai se repetir mensalmente.
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 23:14:52 +0000

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