Peço desculpas à timeline, mas sou obrigado a dedicar mais um - TopicsExpress



          

Peço desculpas à timeline, mas sou obrigado a dedicar mais um post ao tema da descriminalização e regulamentação do uso de marijuana no Uruguai. Faço isso porque acredito que o Facebook pode ser um mecanismo alternativo de informação e que a principal arma do discurso de "Guerra às Drogas" é justamente o utilizado no Correio do Povo desse domingo: provocar a desinformação geral e uma superabundante confusão. O grande problema da temática é a confusão de níveis totalmente diferentes da questão que gera uma verdadeira "geleia geral" (no mau sentido). Desta vez, a "geleia geral" veio na coluna de um jornalista conhecido pelo seu perfil de ultradireita, hoje em plena decadência (acabou saído da RBS pelas suas posições extremadas, o que dá um pouco imagem da coisa), e uma reportagem sobre Livramento (fronteira com Uruguai) nas últimas páginas. Ali repete-se todo tipo de sofisma que alimenta a geleia geral: confusão entre regulação e defesa do uso, estigmatização do discurso crítico, tratamento igualitário de drogas distintas (crack e maconha) e, em geral, a sensação de "pânico" provocada justamente pela grande mídia. Vou dizer novamente, e com a maior boa vontade: a defesa da regulação da circulação de substâncias psicoativas é uma decisão política que envolve ponderação de muito mais elementos que apenas a vontade do usuário. Hoje em dia, o Brasil vive uma taxa altíssima de homicídios, estruturação do crime, corrupção policial e das demais instituições públicas, superinflação carcerária e violência extrema nas periferias devido à adoção do proibicionismo e da Guerra às Drogas. Portanto, defender uma revisão do proibicionismo não tem nada a ver, como defende de forma boçal o colunista, com ser usuário de drogas, ou coisa do gênero. O sujeito até pode ser, mas quem nunca usou e nunca irá usar pode e deve se informar melhor para ter uma posição mais racional sobre o tema. Porque, antes de tudo, o maior argumento contra a política atual é simplesmente ver seus resultados: nunca na história da humanidade o vício em drogas foi tão avassalador e seu controle tão fraco, nunca houve tanta violência na circulação como há hoje. Basta olhar o desperdício diário de dinheiro que os governos realizam e a total ineficácia para desprezar a atual política. Aliás, como motivo de comédia, em 2010 a ONU se reuniu para ver se a meta de "erradicação total das drogas", definida em 1961, havia sido alcançada. Não, não é brincadeira. O colunista afirma que os traficantes têm interesse na descriminalização. Pelo jeito, seu fanatismo o tornou cego para o óbvio: qualquer pessoa sabe que ninguém é mais contrário à regulação que os próprios traficantes, em especial os que não moram em favelas, mas em luxuosos condomínios enquanto defendem a proibição da forma mais moralista e hipócrita imaginável. A regulação das drogas é o golpe mais mortal que pode ser dado na economia ilegal da droga, tornando-a um problema menor, como hoje é o tráfico de cigarros ou bebidas alcoólicas (incomparável, nos índices de violência, corrupção e encarceramento). Há outros pontos que mereceriam ser discutidos, mas o post já ficou longo demais. Vamos continuar enfrentando a "geleia geral", pois seu problema não é apenas hipocrisia e confusão: a "geleia geral" mata, e mata muito.
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 13:48:01 +0000

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