Platão defendeu a tese de que a ignorância seria a origem do - TopicsExpress



          

Platão defendeu a tese de que a ignorância seria a origem do mal. Perseguido o paganismo e vitoriosa a crença cristã de Paulo, desmontada a filosofia grega e elevada a religião imperial romana como relicário da verdade humana, um novo conceito (estranho fosse a filósofos ou a sofistas) surgiu: o pecado. Para o "cristão" a origem do mal não está na falta de conhecimento, não está precisamente nas trevas da caverna. O cristão sabe da existência do mal. Conhece-o, percebe-o em si, entende a natureza de sua alma pecadora. Eis o que diferencia Adão e Eva dos animais paradisíacos. O problema do cristão está não na ignorância, mas na apatia em relação ao mal. Na permissão do mal. Em, imobilizado pela culpa, não fazer nada diante do mal. Diferentemente da vergonha, que é um sentimento social provocado no ato de diálogo com os outros, a culpa é o mesmo que sentir-se em inadequação com um protocolo previamente estabelecido, um desacordo com as supostas essências do universo que miticamente repousam de antemão sagradas em algum local celeste puro. A culpa não coloca o mal como produto do homem, mas como transgressão, modificação de uma normalidade benéfica que existia anteriormente a sua ação. E para banir a culpa é dever do cristão participar do rito, dizer “assim seja” aos poderes que se instauraram como limpos representantes daquele céu sagrado, dizer amém a seus pontífices. Por isso a melhor coisa para o cristão não se sentir culpado é... não agir por sua liberdade, renegá-la, fazer com ela o que Abrãao fez com Isaque: sacrificá-la em nome de um temor. Corroborar com o que os poderes clérigos de sua congregação ordenam conduz a uma estratégia de conduta decidida para a vida na paz cristã – eis a fórmula: a obediência lava a culpa e esconde o pecado. O rito canônico é o sacrifício da autenticidade e a beatitude (alegria) o brilho da má-fé.
Posted on: Tue, 23 Jul 2013 18:24:39 +0000

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