Pode parecer vago inútil, pode até ser, de fato, mas me tomo em - TopicsExpress



          

Pode parecer vago inútil, pode até ser, de fato, mas me tomo em condições de questionar o que é viver, o que é uma vida? Não no sentido biológico ou social, mas no sentido temporal. A definição de vida que mais atende as necessidades desse meu questionamento é a de afirmação da própria existência através da interferência no mundo, sendo esse interferir: fazer o que se sente necessidade de fazer em busca de um resultado prazeroso encontrado no próprio ato ou em um objetivo alcançado por meio desse ato. Os objetivos e necessidades variam conforme nossa história de vida, no resultado de todas nossas experiências e interações com o mundo. No verdade, não quero saber a definição do viver, categorias não geram resultados. Quero uma justificativa ou explicação do porquê é tão difícil se viver, sendo a vida tão natural e presente. No momento, delineio os dois maiores inimigos do viver, ironicamente antagônicos: De um lado o tédio, enquanto falta de vontade de expressar a própria existência, fata de vontade de interferir, comodismo existencial, estagnação, ócio, protelação, sobrevivência. Responsável por tornar a vida cinza, estática, medíocre e obsoleta. Do outro o ímpeto de fazer milhares de coisas, o transbordar de oportunidades de viver, o viver rizomático desenfreado, o seguir caminhos da vida radialmente e simultaneamente. O cruel é que quando se é afetado por muitas experiências de vida, a ponto delas direcionarem o sentido da vida, a vida perde o sentido. Mesmo que haja um esforço para alcançar a satisfação em todos esses objetivos, não alcançamos. Nossas 24h são divididas para todos esses objetivos e não existe um progresso efetivo em nenhum deles. Não há como um corpo seguir caminhos diferentes para todas as direções sem ser dilacerado. A solução é abandonar objetivos secundários de vida para manter uma certa linearidade no sentido verdadeiro dela. Mas existem objetivos "secundários"? E se a paixão pelo sucesso de todos objetivos for igual? E se, apaixonados por viver intensamente, nos cativamos por mais e mais objetivos não descartáveis? Bom, nos dois extremos existe a frustração, ou por não ter combustível para percorrer o caminho da vida no tédio, ou por não poder conduzir vários veículos simultaneamente para todas direções onde haja um objetivo de vida. Seria possível abandonar objetivos de vida que te dão um sentido caloroso a própria existência? O que é mais doloroso, ser dilacerado ou viver com a frustração de um desejo apagado e esquecido? A ânsia de viver é tão forte que há de ser dilacerado para percorrer, o máximo possível, todos caminhos que se escolhe pra vida, de forma que interferir no mundo para alcançar tais objetivos no final de cada caminho se torna mais importante que comer, dormir ou ter qualidade de vida, essas coisas sim são descartáveis, não um dos objetivos, afinal, ninguém alcança nada grandioso e gratificante buscando ter qualidade de vida né? As grandes conquistas vem com sofrimento! Não satisfeito com tal trollagem, o universo nos posiciona num mundo veloz, voraz e sem paciência, e, além de ser dilacerado por tentar percorrer vários caminhos ao mesmo tempo, tem-se que afundar o pé no acelerador e suportar a dor cortante do dilaceramento, porque o chão das estradas dos caminhos que você escolheu estão desmoronando aos poucos, não se sabe se vão continuar lá por muito tempo, ou se os passageiros do seu veículo vão te acompanhar. Não se pode conversar com os passageiros enquanto caminha na vida, não se pode observar a paisagem, mal se pode respirar... Aliás, até se pode, mas se o fizer, o chão desaba e o limbo vazio e frio é presenciado. Bom, não devia estar escrevendo isso. Não há tempo pra viver, minha vida não cabe nos prazos que tenho. Preciso voltar a acelerar mais forte até minha humanidade ser desfigurada.
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 23:11:31 +0000

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