Por favor, jornalistas, parem de ganir e mordam! Descobri que falta peito aos jornalistas. E digo isso com o sofrimento de quem fala mal da própria classe. Prometo buscar a justiça no discurso: em meio aos protestos e esquemas de corrupção, escândalos de governantes e todo o tipo de agressão moral ao povo brasileiro eles são os primeiros a farejar os fatos. Apuram, descobrem, entrevistam, escrevem e publicam uma série de denúncias. Se orgulham disso, pois muitas são corretas e essenciais, pautadas pelo tal do interesse público. Acontece que o texto jornalístico é efêmero. Tão breve quanto os segundos da leitura. E poucos jornalistas possuem o dom da permanência. Daquela reportagem que conta uma história tão bem contada que o ser humano é incapaz de não se interessar pelo fato, mesmo que sua situação ou atmosfera seja prosaica. Além disso, nesta profissão, toda a glória é transitória e o fato, por maior que seja, cairá em algum grau de esquecimento mais cedo do que o repórter deseja. Sabe aquele ditado de que "cão que ladra não morde"? Jornalistas não mordem, pelo contrário, estão acuados ganindo para garantir seu emprego. É de se entender. Faz parte do suposto jogo do sistema, mas dá pena. Durante uma entrevista com um presidente, político ou fontes envolvidas em corrupção um jornalista que se dê ao respeito não pode ouvir uma mentira, tendo dados que comprovem a farsa e ficar quieto. Precisa morder. Falta coragem para os repórteres perguntarem para uma presidente que mente em cadeia nacional se “a sra pensa que o povo brasileiro é totalmente debilóide?”. Ou “o fato da vossa excelência governar este país lhe dá o direito de inventar a palavra Presidenta e orientar seus subordinados a utilizarem o termo?”. Sem esquecer de “A sra. se sente bem com demagogia barata, no caso do aborto em que se coloca oficialmente contrária mesmo já tendo feito um?”. Um jornalista precisa fazer as perguntas que o povo espera que sejam respondidas. Muitos mal sabem perguntar. Valeria algumas aulas com o Geneton Moraes Neto sobre o assunto. O jornalista é cada vez mais desvalorizado não por causa de supostas empresas de comunicação que manipulariam as informações, mas por que não conta o que o povo quer e precisa ouvir. Não satisfaz os aflitos e não aflige os satisfeitos. Conta histórias, sem ousadia, pautadas pelo método e de forma covarde, com o rabo entre as pernas para não entrar em conflito com interesses corporativos. Não se faz jornalismo sem fazer vítimas e, muitas vezes, as vítimas precisam ser os próprios jornalistas. Ah, mas jornalismo é algo que se faz muito pouco por aqui.
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 03:17:49 +0000