"Primeiro de tudo, nós ativistas falamos mal da cesárea desnecessária. Das cesáreas com real indicação (vide post anterior), ou seja, com indicação baseada em evidência científica, somos 100% à favor. Acreditamos que o avanço tecnológico deve ser usado à favor da vida, para salvar vidas, jamais por conveniência financeira médica. Segundo ponto, num país como o nosso, com um ranking alarmante de mais de 90% de cesarianas, seria muito cruel culpar a mulher e não o sistema por essa triste epidemia. Somos à favor das mulheres. Principalmente daquelas que não puderam parir, das que sofreram violência obstétrica, das que foram tratadas como “mãezinha”. O primeiro contato com a informação corta como aço. Deve ser muito doído descobrir que mentiram pra você, que sofreu intervenções desnecessárias e que teve seu parto roubado. Nós sabemos. E temos compaixão pela sua dor, somos mães, mulheres, irmãs e filhas. Mas infelizmente não existe maneira bonita para falar disso. É o que é: uma cirurgia que corta 6 camadas de tecido, que na maioria dos casos é feita fora do trabalho de parto, quando o bebê nem estava pronto para nascer e é extraído do útero materno. Sem contar a cascata de eventos invasivos que ocorrem logo após.. falando em bom português, é muita dor. Nem sempre para a mãe, mas para o bebê, inevitavelmente. Fato é, que a grande maioria das mulheres que tiveram desneCESÁREA só descobrem depois de acontecido. E muitas delas se tornaram ativistas justamente para ajudar outras mulheres. A generosidade dessas mulheres nos emociona e impulsiona. Frente a verdade, existem 2 caminhos que você pode escolher. Um é o da informação, corra atrás, procure grupos de apoio ao parto (internet e facebook), procure uma equipe de saúde humanizada e seja feliz na sua próxima gestação. Até porque, se você precisar de uma cesárea necessária, ficará tranquila com a decisão médica e também terá um atendimento digno, com o mínimo de intervenções e desconforto para o bebê. O outro caminho é o mais cômodo, coloque uma pedra em cima do assunto, permaneça na sua zona de conforto, feche os olhos e ouvidos e continue deixando que outras pessoas decidam por você. Agora, se a sua escolha for a alienação, "não quero saber e pronto", ok. Respeitamos a sua decisão. Mas não fique reclamando e não se ofenda quando alguém falar mal de cesárea. Não são as ativistas as suas inimigas e sim os maus médicos, o sistema de saúde deficiente e a sua conformação. Essa carta foi feita com todo amor e carinho, se fosse possível um colo virtual, lhes daríamos. Assistam ao filme documentário "O Renascimento do Parto". Aproveitem a boa informação para curar a ferida. E se ainda não entenderam, fiquem com as palavras da querida Ana Cristina Duarte: maternidadeativa.br/artigo16.html"
Posted on: Thu, 26 Sep 2013 19:22:34 +0000
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