Quando se fala em budismo, a primeira pergunta que fazem é essa: - TopicsExpress



          

Quando se fala em budismo, a primeira pergunta que fazem é essa: "o budista não acredita em Deus não é mesmo?". Mas o que as pessoas querem dizer quando falam em "Deus"? Será que realmente sabem o que estão falando? Ou estão falando de um conceito que nem elas realmente sabem o que é? Seria uma pessoa, uma entidade superior, um espírito universal? Essa é, para mim, a maior das confusões que as pessoas fazem quando falam que o budista não acredita em Deus. A resposta, em verdade, depende do que a pessoa entende por “Deus”, de modo que não se pode afirmar de antemão o que o budista acredita ou não acredita. Vamos lá. Richard Dawkins, quando escreveu "Deus, um Delírio", deixou bem claro que é contra ideia da existência de um Deus no sentido de uma “inteligência sobrenatural que, além de sua obra principal, a de criar o universo, ainda está presente para supervisionar e influenciar o destino de sua criação inicial e que, envolvido em questões humanas, atende preces, perdoa ou pune pecados, intervém no mundo realizando milagres, preocupa-se com boas e más ações e sabe quando as fazemos”. Por outro lado, também se pode pensar em Deus como sendo uma energia cósmica universal que rege a natureza ou um concatenado de leis/ordens que regem o universo ou uma força criadora universal. Nesse sentido último sentido, o budista acredita tanto em Deus como as outras religiões monoteístas. A questão, como se vê, reside mais na pergunta do que na resposta. Reside no fato de que muita gente não sabe realmente o que está perguntando quando diz “se você acredita em Deus ou não”. O primeiro Buda (Sidharta ou Sakyamuni) em momento algum, quando perguntado, afirmou existir ou não existir Deus. Imagino que ele sabia da confusão que existia na mente das pessoas, que sequer sabiam o que estavam peguntando para ele ou, uma segunda hipótese, seria que ele não dava tanta importância para uma questão de natureza teórica que acabava não contribuindo para o desenvolvimento da pessoa. Afinal, se o homem atribuía os milagres a Deus e os infortúnios também, não adiantava buscar respostas e soluções para essas questões. Afinal, elas vinham de uma vontade maior. A questão, portanto, não deve residir na crença na existência ou não de Deus, mas sim em saber se o homem é governado por uma vontade maior ou se ele é o responsável pelo seu destino; se devemos obediência a uma entidade superior ou não; se existe uma lei universal (ou leis) que rege a tudo e a todos. É por aí que começa o caminho budista e é por aí que a ciência se encontra com a religião. O Caminho do Meio não aceita respostas conformistas para o que não compreendemos, atribuindo o inexplicável simplesmente à frase “Deus quis assim” e as coisas boas à “Graças a Deus”.
Posted on: Wed, 31 Jul 2013 17:11:49 +0000

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