Revista de Imprensa Diário de Notícias, 6 de outubro de 2013 A - TopicsExpress



          

Revista de Imprensa Diário de Notícias, 6 de outubro de 2013 A adaptação de aves canoras nos meios urbanos exige-lhes uma estratégia de comunicação adequada ao ruído de fundo permanente, que passa pela emissão de sons em frequências mais altas. São dados de um estudo português Sem os cantos dos pássaros, as cidades seriam mais cinzentas e monocórdicas, com o seu ruído de fundo permanente. Mas, para lá do colorido que dão às urbes, os cantos dos pássaros também contêm mensagens sobre a biologia e a ecologia destas espécies que os cientistas podem decifrar. É isso que faz o biólogo Gonçalo Cardoso, do CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, da Universidade do Porto, que descobriu que as espécies de aves canoras das cidades produzem cantos mais agudos do que as suas congéneres de zonas rurais ou florestais, onde o ambiente sonoro é mais tranquilo. “Trata-se de uma estratégia de comunicação”, explica o investigador, sublinhando que “os sons agudos, conseguem sobrepor-se melhor ao ruído urbano, que é constituído sobretudo por frequências mais baixas”. Num artigo publicado esta semana na revista Global Change Bioloy, o biólogo divulga os resultados da sua investigação, confirmando que esta estratégia dos cantos mais agudos dos pássaros “urbanizados”, em relação aos parentes campestres, é uma adaptação à vida no ambiente ruidoso das urbes. Mas essa não é a única novidade do estudo. A análise desta característica das espécies citadinas e a sua comparação com outros parâmetros da biologia destes animais permitiu também concluir que este fator é o segundo mais importante na adaptação das aves canoras à ecologia urbana. Com efeito, o mais importante, e certamente o mais óbvio, tem que ver com a possibilidade de estas espécies se adaptarem à necessidade de fazer ninhos noutros locais, que não ao nível do solo. Nas cidades não abundam os esconderijos que os pássaros podem facilmente encontrar na vegetação rasteira existente no campo e, senão tivessem alterado a estratégia de nidificação, veríamos hoje menos pássaros nas cidades. Para fazer este estudo, “que até foi bastante rápido”, como sublinha o próprio investigador, Gonçalo Cardoso não teve de percorrer ruas e jardins urbanos, nem campos agrícolas, de microfone empunho, para fazer gravações. Em vez disso, recorreu às bases de dados internacionais com cantos de pássaros. Foi graças a isso que pôde passar em revista, em relativamente pouco tempo, as “vocalizações” de 140 espécies europeias e da América do Norte, residentes em meios urbanos e em ambientes campestres. Entre elas, pássaros que nos são familiares, como melros, andorinhas, pintassilgos ou estorninhos, ou ainda outras talvez menos vulgares, como verdilhões, tordos ou carriças. Todos estes estão entre os 140 que tanto podem ser avistados em cidades como no campo, e cujos cantos foram estudados e avaliados comparativamente pelo biólogo do CIBIO. “O estudo mostra que o ruído urbano é um dos fatores de seleção das espécies que se instalam nas cidades, mas a comparação filogenética [considerando as relações de parentesco] não evidencia famílias de aves especialmente incapazes de se adaptarem ao meio urbano”, nota Gonçalo Cardoso. Isso aponta “para que outros fatores não relacionados com a biologia terão aqui também um papel”. O conjunto destes dados, incluindo a evidência de que a tolerância às urbes é maior nas espécies europeias do que nas suas parentes americanas, talvez porque há mais cidades, e há mais tempo na Europa e o tempo de adaptação é por isso mais longo, tem também implicações para a conservação das espécies. “Com o rápido crescimento urbano em todo o mundo, será útil perceber que espécies são mais vulneráveis, para adaptarmos as nossas estratégias de conservação, com outros tipos de construção ou mais medidas antirruído”, conclui Gonçalo Cardoso. Festival este fim de semana em Sagres A zona de Sagres é um dos palcos privilegiados para a observação de aves migratórias. Integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, constitui um dos pontos mais importantes do Algarve e do País para a avifauna. Por isso foi a escolhida para a realização, este fim de semana, do IV Festival de Observação de Aves, no Algarve. “O objetivo é complementar a observação de aves com outras atividades ligadas à contemplação da natureza, que satisfaçam toda a família”, informou a Câmara de Vila do Bispo, entidade promotora do evento, em parceria com a Associação Vicentina, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e a associação ambientalista Almargem. Até ao findo dia de hoje, ainda há tempo para ir até lá.
Posted on: Mon, 07 Oct 2013 10:17:28 +0000

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