RÁDIO CLIP. VOCÊ SABIA ? O BEIJO QUE ENTROU PARA A HISTORIA : O - TopicsExpress



          

RÁDIO CLIP. VOCÊ SABIA ? O BEIJO QUE ENTROU PARA A HISTORIA : O soldado Glenn Edward McDuffie estava na Times Square, junto a centenas de pessoas que comemoravam o fim da guerra e no mesmo lugar, vivendo o mesmo tipo de emoção estava a enfermeira Edith Shain. Os dois não se conheciam, mas foram unidos pela espontaneidade gerada por aquele instante de felicidade, e se beijaram. A cena foi registrada por dois fotógrafos, Victor Jorgensen (Figura 1 acima: Foto de Victor Jorgesen, 1945) e Alfred Eisenstaedt (Figura 2 abaixo da figura 1: Foto de Alfred Eisenstaedt, 1945) da revista Life. Vista por dois ângulos, essa imagem entrou para o elenco das fotografias memoráveis e mais circuladas do mundo como símbolo do fim de anos difíceis, sofridos e de grandes perdas causados pela Segunda Guerra Mundial. McDuffie lutou por muitos anos até ser reconhecido oficialmente como o soldado da foto, a própria enfermeira não sabia ao certo quem era o soldado que a beijara naquele dia. O ato de beijar apenas compartilhava a alegria de estar presenciando um recomeço, a chegada de um novo tempo. Sabe-se que a imagem não explica tudo, pois representa um fragmento do acontecido, um indício de uma realidade já ausente, porque finda. Na década de 40, não era comum beijar em público e sair para as ruas com uniforme de trabalho. Dessa forma, torna-se perceptível que aquele dia foi excepcional, dia de comemoração. As vestimentas das pessoas e o espaço urbano fotografados evidenciam uma época, meados do século XX, e um lugar, avenida Times Square, passível de reconhecimento para quem conheceu ou conhece uma das avenidas mais famosas de Nova York. É importante ressalvar que a grande circulação do registro fotográfico dessa cena na internet, principalmente em ‘blogs’, faz uma confusão no momento de colocar a autoria da fotografia, usam a imagem de um fotógrafo com o nome do outro. Isso foi perceptível, no momento da pesquisa nesses canais de comunicação. A diferença entre as duas fotografias deve-se a escolha do ângulo que cada um captou no momento do clique. Porém, visivelmente diferentes, ambas tornaram-se conhecidas. Também encontramos nesses ‘blogs’ diversas releituras da imagem, como exemplos: a foto colorizada e em versão pop arte. Apresentada como um sistema de sentidos e signos, a imagem fotográfica expressa sua intertextualidade ao ser inserida em todas as áreas da vida social e cultural. Sendo que, a forma como interpretamos uma fotografia é resultado das experiências de cada um, pois é o olhar que dá significados aos símbolos. Além dessa questão simbólica, há outras questões que cercam a fotografia: a questão técnica e a questão política, todas abordadas por Séren (2003) em seu livro ‘Metáforas do Sentir Fotográfico’. Segundo a autora, estas são interligadas, pois ao alterar a natureza técnica da imagem alteram-se os efeitos políticos e simbólicos. Diante dos desafios da experiência contemporânea, o fotógrafo ampliou o âmbito de sua prática com o progressivo deslocamento da imagem de ancoragem geográfica ou topográfica para a virtualização. Assim como as potencialidades da tendência de abstração e flexibilização dos signos em diferentes domínios da experiência. Como diz Fatorelli, ‘a lógica do dispositivo fotográfico fundamenta-se nas características temporais e espaciais que marcam a experiência moderna’VI. A partir daí, vigoram novos regimes de comunicação, de produção e de subjetividade, através das estratégias contemporâneas de apropriação, de encenação e de intervenção da imagem. Um dos fatores que propiciou a grande circulação da imagem “O Beijo na Times Square” pelo mundo deve-se aos novos meios de comunicação social disponíveis do meados do século XX para o tempo presente. A incorporação dos modelos de visualização virtual, informáticos ou cibernéticos, promoveu a mudança do suporte fotossensível para os dispositivos digitais. A imagem fotográfica fotossensível proporciona um manuseio que permite o toque no papel, que a transforma em signo próprio: guardá-la em um livro ou carteira, vê-la quando menos se espera, são práticas habituais que este suporte oferece. Como aponta Séren, a evolução do contexto sociocultural afeta o processo evolutivo do uso da fotografia, nos efeitos psicológicos, sociais e políticos, pois os significados da fotografia mudam sempre que o contexto mudaVII. Embora, seja fato toda essa evolução no contexto sociocultural que provocou mudanças nos usos e significados da fotografia. Mesmo assim, para Didi-Huberman, as imagens se impõem como uma representação por excelência, uma representação necessária do acontecido. Nenhuma imagem consegue dar a dimensão do que realmente ocorreu, já que tudo o que conseguimos ver em uma fotografia é muito pouco frente a tudo o que sabemos sobre o acontecimento. Segundo o autor a imagem fotográfica produziu uma inflexão histórica no ato de ver, pois a fotografia mostra mais do que o olho pode ver, além de ser prova do visto. Assim, a imagem é o olho da história por sua vocação de fazer visívelVIII. E é dessa forma que a fotografia em questão perdura e circula até os dias atuais, pela capacidade de tornar visível uma realidade ausente, o final da Segunda Guerra Mundial para os norte-americanos. Apesar da grande parte das pessoas não terem vivenciado o fato, essa fotografia é imprescindível à imaginação, para fazer lembrar. Nesse sentido, temos o exemplo dos fotogramas do Holocausto que nos conduzem em um processo de memória, de interpretação histórica, mais amplos do que esses fragmentos visuais nos podem contar. Pois, é necessário ressaltar que são os únicos testemunhos disponíveis, e por mais que os historiadores admitam algum problema pela completude das imagens, elas são apenas fragmentos arracandos, testemunhos subjetivos por natureza e que estão condenados à inexatidão. Pede-se toda a verdade à imagem, mas o que se ver é muito pouco; ou se pede muito pouco, tendo-a como simulacro. Em qualquer desses casos o historiador terá a sensação de que as imagens não explicarão o que ocorreuIX. No caso da fotografia em questão, temos uma imagem de um momento casual e um pouco precária enquanto registro (em que não se enxerga o rosto da moça, em que o enquadramento não é ideal, pois cortam as pernas do casal, a posição do soldado é desajeitada e o corpo da moça retorcido), mas que, evidencia a competência testemunhal da fotografia. Também é perceptível na imagem a reação das outras pessoas que aparecem na fotografia, pois a cena provavelmente as surpreendeu, como demonstra a mulher de vestido ao lado do casal (Fig. 01). Segundo Boris Kossoy, não se pode deixar de considerar:
Posted on: Tue, 25 Jun 2013 01:54:33 +0000

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