SACRIFICAR PARTE PARA SALVAR O TODO Aquele era um dia a mais na estrada pilotando minha moto em busca de aventura. Durante toda a jornada os momentos mais marcantes em minha trajetória são exatamente o amanhecer, vendo o nascer do sol, ou o final da tarde. Dentro do capacete acontecem coisas extraordinárias. Muitos questionamentos surgem, poucas respostas convincentes podem ser experimentadas. Gosto de pilotar em direção ao Sul, ou ainda norte, porque o sol sempre irá nos acompanhar do lado esquerdo ou direito, o que facilita a visão do horizonte que se afasta na exata proporção da velocidade. Sair em uma grande jornada equilibrando-se em duas rodas exige além de preparo físico e mental, equilíbrio emocional. A disposição em sacrificar certos momentos rotineiros, também conta. Para trás ficam o conforto, a comodidade, o aconchego do lar, as facilidades do dia a dia. Em meu caso, na maioria das vezes estou sempre sozinho, sem amigos, família, apenas desconhecidos curiosos testemunham o feito. Sabe-se lá o que passa na cabeça dessas pessoas quando elas percebem que alguém se dispõe a sair mundo a fora para dar seguimento a sua própria história. Após um maravilhoso dia, finalmente cumpri minha meta diária. Tudo transcorria de acordo com o planejado. Sem muito esforço, rápido encontrei uma pousada para poder recuperar e repor a energia consumida durante o dia. Fiz todas as anotações diárias. Um resumo das ocorrências mais importantes. Ao ligar a televisão deparei-me com uma noticia extraordinária. Aquele tipo que não se ouve, ou se tem conhecimento durante uma vida inteira. O repórter relatava um grave incidente ocorrido com Aron Ralston Lee. Um alpinista americano que ao escalar um cânion em Utah, teve seu braço direito preso por uma enorme pedra. Começava ali uma luta pela vida. Não era uma questão de vida ou morte, mas sim, vida apenas. Essa era a única opção que passava em sua cabeça. O Alpinista fez o que deveria ser feito, sem sucesso. Gritou, tentou, puxou, se contorceu; mas nada foi suficiente para livrá-lo da grande pedra. Sacrifício. Sacrificar parte para salvar o todo. Durante cerca de cinco dias no total, Aron Ralston, fez tudo o que era possível na tentativa de libertar seu próprio braço e voltar ao convívio da família. No entanto, sem nenhum resultado, teve uma ideia dramática, drástica. Aron Ralston decidiu cortar seu próprio braço. Mas não seria um simples corte. O único objeto cortante, um canivete, não seria suficiente para amputar seu próprio braço, o osso é duro demais. A decisão tomada, claro, foi a mais importante de sua vida. Aron Ralston quebrou o braço e depois realizou a automutilação; o braço foi amputado libertado o Alpinista. Durante todo o noticiário, pude refletir sobre o que eu teria feito. Será que seria capaz de tomar tal decisão? Ali mesmo Aron deixou parte do seu braço, mas levou consigo muito mais, a certeza de que, escolher a vida é sempre uma decisão acertada. By Waldez Pantoja.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 22:54:28 +0000
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