Sinto cada vez mais que essa manifestação está perdendo o foco. E, não, não estou dizendo aqui sobre se é sobre "Passe Livre" ou "Corrupção". O grande problema que vejo é todo esse ódio e polarização contra esses que estão chamando de "coxinhas". Genericamente, o que é esse coxinha? Segudo uma breve googleada: " “Coxinha”, sociologicamente falando, é um grupo social específico, que compartilha determinados valores. Dentre eles está o individualismo exacerbado, e dezenas de coisas que derivam disso: a necessidade de diferenciação em relação ao restante da sociedade, a forte priorização da segurança em sua vida cotidiana, como elemento de “não-mistura” com o restante da sociedade, aliadas com uma forte necessidade parecer engraçado ou bom moço." Ok, será que com todo esse ódio não estaríamos nós afirmando uma "necessidade de diferenciação em relação ao restante da sociedade", que cabe a essa definição do coxinha? Depois da manifestação de segunda, senti que o clima mudou. Muita gente que havia ido nos outros atos, começou a chamá-lo de não legítimo. Que não era uma manifestação, e sim uma passeata. Por que tinha gente demais que tava lá "por nada". E por "motivos genéricos". Concordo que é genérico lutar contra a corrupção, mas você pode esperar atitude mais politizada de um país que nem sequer ensina política nas escolas?! Não, tem muita gente em São Paulo(e no Brasil) que não sabe ainda pelo que lutar! E ao invés de chamá-los de coxinhas e mandarmos "não aparecerem mais" nos próximos atos, VAMOS CONTAR A ELES DO QUE SE TRATA! Se tomarmos essa atitude segregadora não ganharemos absolutamente NADA com isso. Povo contra povo, assim, gratuitamente, é um grande desperdício. Eu acho sim que o Brasil tem milhares de questões para tratar, e que num momento como esse nós queremos vomitar todas ao mesmo tempo. Assim como depois dos últimos 4 atos, a truculência da polícia virou um assunto importantíssimo a se resolver. Mas, se segunda estavámos esperando o pior e o pior não aconteceu, dá pra entender porque muitos se sentiram "andando sem sentindo". Sim, não houve violência, mas temos que lembrar que todos que foram sabiam que poderia haver. Todos que foram lá estavam dispostos a colocar suas caras a tapa. Eu vi avós que provavelmente poderiam ter vivido a ditadura e até pais que sempre foram discrentes com seus filhos militantes, nesse time. O time dos que, por definição, visam a "priorização da segurança em sua vida cotidiana". Agora, dizer que são todos coxinhas? Porque eles são coxinhas? E, se segundo a definição eles são, porque temos que discriminá-los dessa luta? Será que só porque ele carrega o estigma de uma classe social ou idade, ele não pode mudar de opinião e me juntar a outras pessoas? Se continuarmos com esse discurso, estaremos regregando. Estaremos falando que "a passeata orkutizou", e estaremos fazendo o papel deles, dos coxinhas. E pelo que me parece, hoje, tem até coxinha que não aguenta mais ser coxinha.
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 13:43:44 +0000
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