Somente hoje pude explicitar: Eu sempre fui uma indivídua filha - TopicsExpress



          

Somente hoje pude explicitar: Eu sempre fui uma indivídua filha do inesperado. Sempre tive paixão por despertar sintomas incomuns nas pessoas e até em mim mesma. Sempre achei que isso fosse um sadismo, um pecado. Até mesmo meus melhores amigos que me conhecem desde longas datas não me interpretam definidamente. O melhor que tive da companhia da Bia era que ela não se preocupava em me interpretar. Ela apreciava minha companhia e levantava a minha moral. Preocupar com interpretar os outros:- nunca. Agora, julgar...? Ahhh, isso é outra coisa, ela julgava sim; a mim e a tudo que ela viu, tocou, cheirou e sentiu com um sarcasmo extra-sensorial aguçadíssimo na maioria das vezes. Com uma piedade, por vezes, extremamente cruel mas sempre cômica de tudo e de todos. Ela era humana e humanizava, sim senhor. A Bia foi mais gente que a maioria das “gentes” que conheço. Ela foi meu ídolo, meu herói. Eu estava morando em Atlanta, quando soube tardamente, que ela estava doente.E é engraçado como situações trágicas aproximam as pessoas, porém, entretanto a gente não se aproximou nem mais nem menos por isso; eu sempre acreditei que “vaso ruim não quebra”e,por isso, ela jamais quebraria. Ela disse que eu fui a primeira pessoa a saber que ela estava grávida. Acho que ela apreciava minha opinião seca e honesta de tudo na vida – a gente tinha isso em comum. Ficamos felizes e preocupadas e eu mencionei isso. Falei pra ela respeitar as diretrizes médicas daquele dia em diante e ela prometeu que o faria, embora nós duas sabíamos muito bem que era tudo apenas vozes ao vento: ela iria continuar jogando tênis e viajando ao seu bel-prazer. Ela me disse que eu fui a primeira a quem ela contou que estava com leucemia. Ela estava triste como nunca esteve quando as ocorrências da doença se manifestavam. -Briguei com ela. Disse que ela era meu ídolo e que era pra ela manter a cabeça erguida e ela me disse que deveria ter ligado pra Carol primeiro porque ela iria suavisar as coisas. Eu nunca suavizei nada, principalmente para ela. Falamos-nos depois disso poucas vezes. Bebi depois disso, várias vezes. Falhei em visitá-la no dia combinado. No dia em que ela se internou na UTI, não a visitei embora ela morasse a menos de 1km de mim, porque eu tinha bebido demais no dia anterior e estava numa ressaca bruta. Sinceramente espero que ela tenha me perdoado, mas se a conheço bem, isso não fez diferença alguma pra ela embora ela sempre vá tocar neste assunto no futuro, para me torrar a paciência e rir até chorar de mim , vendo-me tentar explicar minha falta para com ela. É... ...a Bia tinha orgulho de mim. Poucas ou quase ninguém o têm. Ela confiava em mim e me tornava gigante por isso. Sempre vou me lembrar dela querendo alugar aquela sala comercial horrorosa, velha, enorme e caindo aos pedaços bem na entrada do Jaó. Ela dizia que podia até ver as gaiolas dos passarinhos expostos na varanda enquanto eu estaria enfurnada nos livros contábeis do escritório. Ela é minha amiga de verdade. Sempre será. Às vezes, por saudade ou puro alter-ego, eu a imagino do meu lado criticando meus pensamentos do jeito que só ela tinha autoridade em fazer. Tipo: “-larga de tristeza, sua morta! Eu to aqui curtindo e você aí gastando lágima”. Enfim... Ela vai ficar comigo pra sempre, seja na saudade, seja como alter-ego – eu preciso dela ainda e nada vai fazer ela ir embora de mim. Eu sinto sua falta, minha amiga ríspida, querida e admirável. Eu tenho certeza absoluta, pela pessoa caridosa que você é, que você está bem e em paz, (embora o Altemar não esteja andando por aí de fusca como você queria, afinal ele é bonitão demais para estar disponível para as periguetes, RS). Eu tenho certeza que você está em paz minha amiga - sou eu quem não está. Sinto sua falta todo dia. Você é meu alter-ego positivo, sempre foi. No dia em que você se foi, olhei pro céu e ele estava num azul de doer de tão bonito; assim como minha existência que era mais especial porque eu pude contar com você em todos os dias, aqui ou acolá. Biáloga: -Eu te amo, Ana Beatriz de Souza Assis (nome que rima).
Posted on: Fri, 19 Jul 2013 03:12:46 +0000

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