Storia di un Burattino (Obrigado, David Santos) "O cego estica-se e cospe-lhe por cima da cabeça, a marioneta projecta a mão numa tentativa de agarrar a tempo e limpar com a manga os centímetros que ainda almejava atingir, mas estes caem por terra abraçados a saliva de qualidade duvidosa. O sábio, que está sempre adormecido numa poltrona visível de qualquer ponto da divisão e que, apesar de nitidamente mais gordo, desconfio ser da mesma altura que toda a gente, num acto de puro sonambulismo, e num esforço de aparência desumana, dobra-se e beija a cara da marioneta. Esta desconfia da amplitude do sábio, que sem cuspir em ninguém é feliz. O sábio atento indaga-se "que mão levou desconfiança a esta marioneta?", e dito isto abre um olho. A mão que se lhe revela para lá do palco em miniatura é a de um criança, pelo que o problema só pode ser das cordas que ligam as intenções do animador ao movimento. A marioneta, ao ver na praça pública os fios distorcidos que sempre entendera como pulsões confusas mas verdadeiras, indícios do caminho para se tornar na criança que sempre desejara ser mas que afinal já existia e não era ela, ri-se, ganha vontade própria e enforca-se nos cordéis, sufocando e puxando para si toda a corda até o menino cair em cena: - Oh! Mas que grande que é o rabo do menino! estragou-se-me o palco todo e eu que nunca fui fã de encenações em bordas..."
Posted on: Mon, 23 Sep 2013 21:16:30 +0000
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