São sabe o porquê da greve?Leia . Richard de Paula Amigos, saiu - TopicsExpress



          

São sabe o porquê da greve?Leia . Richard de Paula Amigos, saiu uma publicação no jornal O Globo falando sobre nossa greve. Tomei a liberdade de responder ao autor. Prezado Gilberto, Li com cautela seu artigo publicado no O Globo, intitulado "Dia mundial do professor". Fico feliz que tenha experimentado a sensação de lecionar, mesmo que por curto tempo e em curso universitário. Aliás, desculpe, não me apresentei: me chamo Richard N. de Paula, sou professor de História, com graduação e mestrado realizados na UFF, e doutor pela Fiocruz. Tenho três livros publicados, fui editor e editor-chefe de revistas acadêmicas, ambas com Quallis A+ conferidos pelo CNPq. Voltando ao assunto, também trabalho na rede municipal de ensino, e acompanho de perto o cotidiano dos profissionais que ali pelejam por uma educação de qualidade. O Sr. explicita que o sindicato move-se por conta do jogo político e interesses que pouco tem a ver com a greve ou as justas reivindicações dos profissionais da rede. Porém, não o culpo por pensar de forma tão equivocada. A grande mídia reforça esse ponto durante todo o tempo. O que o senhor talvez desconheça é o fato de que os diretores do sindicato, em situações pretéritas, encaminharam várias vezes para a assembleia a suspensão da greve. Contudo, a categoria, num ritual democrático, votou pela manutenção da greve como forma de luta. Portanto, a categoria decidiu manter-se em greve. O sindicato, por sua vez, acatou a vontade da categoria laboral. Por que os professores mantiveram-se em greve? Simplesmente por compreenderem que o atual plano do prefeito acaba com a educação pública gratuita do Rio de Janeiro. Como?! Em primeiro lugar, ele criou a abominável figura do PEF (professor polivalente), o qual ficará responsável por lecionar todas as disciplinas, do primeiro ao nono ano. Sou professor de História, com sólida formação na área. Porém, não tenho recursos para lecionar Matemática, ou Português - embora saiba escrever e fazer contas. O próprio Eduardo Paes, numa entrevista concedida à rádio Band News, reiterou que tal prática é absurda. Mas parece que seus assessores o informaram que essa realidade já é presente na rede municipal e, então, o prefeito resolveu voltar atrás. O senhor, Gilberto, bate na tecla do salário. Sim, brigamos ferozmente por melhores salários. Contudo, o que reivindicamos não é aumento, mas reposição salarial. O senhor já ouviu falar na tal da inflação? Pois ela corrói nossos bolsos desde o primeiro dia de posse do Sr. Eduardo Paes, e até hoje esse dano não foi coberto pelos pífios aumentos concedidos à categoria. Não podemos esquecer que os professores são, antes de tudo, trabalhadores que precisam receber de acordo com sua capacitação e anos de estudo. Ainda sobre o assunto salário, o senhor diz que a lei de responsabilidade fiscal impede qualquer avanço nesse sentido. Saiba que o próprio Pedro Paulo, braço direito do Eduardo Paes, afirmou que não utiliza nem sequer um percentual próximo à margem permitida pela referida lei. Além disso, o Fundeb é claro ao prescrever que 60% de sua receita bruta sejam aplicados em melhorias salariais dos profissionais da educação. Porém, o uso do Fundeb é uma caixa preta. E uma das reivindicações da categoria é a abertura da CPI do Fundeb, rapidamente negada pela base governista. De acordo com o Tribunal de Contas do Município, 700 milhões desse fundo foram usados para tapar o rombo da Previ Rio, outros milhões aplicados na Fetranspor, mais uns muitos milhões em vilas olímpicas e pagamentos às ONGs (Fundação Roberto Marinho é uma delas). Ou seja, o dinheiro dos nossos impostos, que deveria alavancar a qualidade da educação e valorizar os seus profissionais, foram desviados debaixo dos nossos olhos. O senhor nunca leu nossos cartazes? O que mais aparece é: “CPI do Fundeb”. Fica feio demais para o senhor publicar um artigo opinativo sem, antes, resguardar-se por meio dos devidos fundamentos. O senhor cita que há enorme corporativismo que encobre professores que faltam ou se atrasam. Saiba o senhor que isso é uma imagem errada projetada sobre nós, professores. O senhor sabe por que? Pois me citarei como exemplo: tenho uma turma com 56 alunos (acredite), aliás, leciono para oito turmas que variam entre 40-50 adolescentes; se por ventura houver falta ou atraso habitual, esses alunos ficarão infernizando toda a escola, pois não há pessoal em número suficiente para controlá-los. Ademais, esse pessoal só foi contratado depois do massacre em Realengo (lembra?). Precisou haver uma tragédia para que uma das mais antigas reivindicações da categoria fosse ouvida. O seu texto diz que os cinco mil profissionais que estiveram presentes na última assembleia não representam o total de 43 mil. Esses são números utilizados de forma equivocado ingenuamente, ou maliciosamente. Pois nossa a categoria é formada por pessoas que lecionam em outras prefeituras, colégios particulares, ou que faz um sem número de bicos para aumentar seus proventos. Esses, embora atuantes no movimento, devem honrar seus compromissos fora da rede municipal e nem sempre estão disponíveis. Há também os que estavam se curando das porradas físicas e psicológicas desferidas pelos PMs, e não puderam comparecer. Sem contar, também, os numerosos pelegos que infestam qualquer classe laboral. Mas, caro Gilberto, esses últimos não são maioria nem por mágica. Então, por favor, os números não mentem, mas podem nos conduzir ao erro se analisados da forma como o senhor fez. Por fim, seu artigo afirma que ao aluno não interessa a greve. Esse argumento é mais velho do que andar para frente. O que interessa ao aluno, então? Será que é a aprovação automática, forçada pela secretária Costin por meio do pseudônimo de “meritocracia”? Sim, Gilberto, a aprovação automática existe a todo fôlego na rede. Temos cotas de reprovação! Apenas X alunos por turma podem ser reprovados. Coloquei o X, pois esse quantitativo varia a cada ano de acordo com os interesses da SME. O que fazem com esses reprovados? Os enfurnam num dos “projetos”, cujas aulas são realizadas por um único professor encarregado de lecionar todas as disciplinas. Sucesso garantido! O sujeito não tem aula de nada, aprende menos ainda, depois são repassados sem cerimônia à rede estadual (também em greve, não se esqueça). Será que ao aluno interessa uma educação pífia, embotada, apresentada na forma de vídeos feitos pela Fundação Roberto Marinho? Pense nisso. Saúde e paz de consciência, Prof. Dr. Richard N. de Paula oglobo.globo/rio/dia-mundial-do-professor-10262865
Posted on: Mon, 07 Oct 2013 06:27:22 +0000

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