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Tive que compartilhar este texto perfeito que acabei de ler no @falandodeviagem. A autora chama-se AmyLemos : Tem uma parte de mim que tem vida própria. Se eu não tentar controlar, acaba por me dominar completamente. É uma vontade, uma parte curiosa, genuína e urgente. A minha família é, graças a Deus, bem grande, e alguns de seus membros sempre possuíram uma necessidade constante de mudança, ou a vida simplesmente os levou a isso, e foi com eles que desenvolvi esse lado dentro de mim. Foi a partir daí que tomei gosto. Descobri as maravilhas e as delícias de reconhecer a existência das diferenças, de saber que o mundo não se resume à minha casa, ao meu bairro, e muito menos à minha cidade. Tem coisas maiores lá fora. Foi quando as possibilidades infinitas passaram a me encantar, que a aventura entrou de vez na minha rotina. As leituras e histórias contadas pelos meus avós indicavam que o mundo tem muito mais a oferecer do que eu sonhava, além dos filmes e livros que se tornaram meus pontos de partida. Me davam um pequeno preview, que unido à uma imaginação relativamente fértil e à um impulso incontrolável, resultavam em uma estranha curiosidade pelo desconhecido. Resultavam na vontade de bater de cara com diferenças sociais, culturais e ambientais, ou pelo menos de querer compreendê-las, respeitá-las. Cresci convivendo com pessoas apaixonadas por aviação, e visitar aeroportos fazia parte da minha rotina tanto para passear e vislumbrar aqueles gigantes de metal que se sustentavam magicamente no ar, quanto para buscar um ente querido que estava chegando ou partindo. As malas? Têm até hoje um cheiro único, aquele mesmo cheirinho: sempre que sinto me transporto para os mais remotos pontos de minhas memórias, as lembranças transbordam, os lugares se materializam na minha frente. Pra mim é cheiro de final de ano, de surpresas, das roupas imprensadas por longas horas naquele mix de papel, algodão, perfume, novidades, metal e plástico, é cheiro de Natal, de casa cheia, de diferenças. Essa construção toda se deu através de minhas pequenas passagens ao redor do globo somadas às paisagens exuberantes, aos amigos, à paixão, aos parentes e aos laços ligados pelo sangue e pelo carinho, porém separados pela distância e pelo destino. Sejam os queridos tios, primos e avós de Santa Catarina, ou mesmo os que já passaram por Curitiba e pelo Texas, a princesa que nasceu em Chicago, a minha vida de seis meses Luxemburgo, a parte de mim que hoje habita a Ucrânia, a madrinha querida na Califórnia, o coração que já esteve em Manaus, são sempre pessoas e momentos inesquecíveis. São as férias na cidade maravilhosa, dos melhores amigos que hoje moram em Sampa e outros no Rio, do colega de sala que me fez companhia na Suíça e hoje mora em Londres, do companheiro de jogos no Canadá e até a desconhecida que me acompanhou à Paris. São as viagens de mais de 10 horas de carro nordeste a cima, ou na loucura de chegar até Floripa em três dias. É a lembrança dos lanches deliciosos preparados pela minha mãe quando partíamos em vários carros cheios de criança às cinco da manhã com destino à Recife, Maceió e Natal. A primeira viagem de ônibus, a primeira sozinha, a primeira só com amigos, com o amor. Cada um deles foi responsável por esse ser que vive dentro de mim, essa personalidade que é quase autônoma. Cada micro momento desses transformou o que deveria ser um hábito em uma necessidade, uma paixão. Quando mergulhamos em outra cultura, dispostos a conhecer e a sair um pouco de nossa redoma, estamos automaticamente nos permitindo, por mais fechada que possa ser a mente. Precisamos desse momento, precisamos experimentar lugares diferentes para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como achamos que ele é, sem nem ao menos tê-lo conhecido. Esse egocentrismo de acreditar que tudo gira ao nosso redor, de nos intitularmos mestres supremos do que nem se quer tomamos nota. É só aceitando e baixando a guarda, que o encaramos como ele é de verdade. A gente precisa colocar o pé na terra, sentir os cheiros característicos, saber o que é nosso, abrir a porta para um melhor conhecimento do mundo a nossa volta. É preciso sair do calor cômodo e pelo menos uma vez molhar os pés nas frias águas do Pacífico. Precisamos apreciar a brisa salgada e úmida de nossas praias, mas também o frio seco e gelado das neves que tortura os desacostumados. Temos que sentir, levar nossos sentidos aos seus extremos, não apenas por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisamos vive-los. Por que viajar? Para sentir saudade, para valorizar os momentos bons, reter memórias e aprender história e geografia da forma mais eficiente que existe. Para sentir o peso da distância e do desabrigo, e assim estar satisfeito sob o próprio teto, para perceber que somos tão pequenos, e ao mesmo tempo tão absurdamente grandes, para sentir que esse mundo é vasto, delimitado e diferente, mas que também é seu… Viajar para despir a nossa prepotência e energizar a alma, renovar nosso espírito e abrir a mente para a idéia real de que amanhã sempre nos trará algo novo. E vocês? o que me dizem?
Posted on: Wed, 02 Oct 2013 17:24:08 +0000

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