Todo mundo conhece alguém que se faz de vítima. A pessoa vive se queixando dos problemas da vida e das atitudes das pessoas com quem convive. “Com este comportamento, ela movimenta os outros a seu favor e ganha muito com isso. Pessoas que se fazem de vítima são sedutoras e envolventes”, afirma a neuropsicóloga Leiliane Diniz Tamashiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-HCFMUSP). A especialista acrescenta que estas pessoas necessitam de atenção, carinho e consolo. “Mesmo as que participam de terapia em grupo tentam se fazer de vítimas para seus colegas de grupo e para o terapeuta, chegando às lágrimas. Quando o terapeuta não cai na sua sedução, as lágrimas acabam e não usam mais os seus artifícios”, conta. Ela relata que as “vítimas” mantém sempre o mesmo discurso, baseado nas dificuldades de conviver com seus problemas relacionados ao cônjuge, aos filhos ou aos familiares, considerados como “carrascos”. Mas, na verdade, “o problema é a própria pessoa”, segundo a neuropsicóloga. “Indivíduos que se fazem de vítimas sabem como resolver o seu problema, mas não querem”, afirma. Mesmo quando a resolução é apresentada, eles argumentam que aguardam o momento ideal para executá-la, de acordo com a especialista. Essa atitude não pode ser confundida com depressão ou humor deprimido, cujos portadores têm interesse em sair do quadro em que se encontram. “Bem diferente das que se fazem de vítima, pois elas sabem o que fazer, mas não estão interessadas em resolver. Procuram a terapia apenas para dizer que estão interessadas em serem ajudadas”, afirma. Para Leiliane, as dificuldades que enfrentamos na vida devem ser vistas sempre de forma racional. “Se você colocar os sentimentos na frente, o problema se tornará maior ainda.” Por outro lado, se colocarmos a razão em primeiro plano, a solução deixará de ser uma hipótese. “Não haverá aquela questão: ‘ah, se eu tivesse’”, diz. A neuropsicóloga recomenda que, ao se sentir incapaz de lidar com seus problemas – principalmente se houver tristeza e desamparo –, o ideal é procurar o apoio de um terapeuta. Também alerta para se tomar cuidado com a prescrição indiscriminada de medicações. “É aceitável ter compaixão de si mesmo e procurar ajuda profissional para voltar ao equilíbrio”, conclui.
Posted on: Sat, 26 Oct 2013 01:53:07 +0000
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