Título Original: “341 minutos”. Ator: Marcelo - TopicsExpress



          

Título Original: “341 minutos”. Ator: Marcelo Avelar Realizador: Deus Produção: Todos amigos e parceiros Distribuição: Maratona Bertioga Maresias 75 km 341 minutos Já pensou em resumir sua vida em um filme de 341 minutos? O título original do filme é A Ultramaratona Bertioga Maresias 75km. O cenário é composto pelas mais lindas paisagens e a trilha sonora ficou por conta do canto dos pássaros e do barulho das ondas do mar. Fizeram parte do figurino tênis bem amarrado, camiseta regata, meias e bermuda de compressão. Nesse filme foram dispensados os efeitos especiais e dublês e o mais interessante: era estréia de um coadjuvante no papel de ator principal. Foram 75 quilometros de duração, não houve edição e o mais difícil é classificar este filme em um só gênero, afinal a cada quilometro ficava mais difícil distinguir se o drama, a comédia, o suspense, o romance ou a aventura davam enredo ao filme. Para não errar, melhor mesmo é dividir a classificação como multi-genero. Não é necessário tirar as crianças da sala. Apesar de emocionante e com momentos difíceis, a classificação é livre. Dada a largada, o até então coadjuvante, seguia discretamente no seu papel, cumprindo o roteiro dado pela direção do filme. Passando-se cerca de 100 minutos do filme, o encontro com os “Al Pacino, Robert de Niro, Tom Hanks e Marlon Brando” das ultra maratonas foi inevitável e isso gerou muita alegria em poder “contracenar” alguns quilômetros com os maiores mitos das corridas de longa distância. Dialogar em uma cena aos 120 minutos de filme com um personagem que dizia: “Olá, você não acha que está muito rápido para um estreante nas telas das grandes corridas?” Percebi então que aquele era o “Jim Carey” e me fez entender o quão ele é engraçado de verdade, apesar daquele personagem ser um dos melhores do mundo das corridas, resolvi deixa-lo junto com as suas piadas e seguir com um pouco mais de pressa. O encontro, nos 150 minutos de filme, por volta de 40km já percorridos, com “Harrison Ford” me alertando que dali pra frente seria uma real aventura, me fez entrar realmente no espírito da prova pois ele já era um veterano nas películas de aventura e sabia do que se tratava. Dali pra frente contracenei com populares, que não eram tão figurantes como nas grandes produções, pois participam ativamente da corrida gritando e incentivando para que houvesse um final feliz. A cada quilômetro “rodado” o suspense aumentava paralelamente a ansiedade do que iria acontecer na próxima cena. Pois bem, as subidas por volta das 4 horas e meia de prova nem Steven Spielberg em seu melhor dia de trabalho conseguiria entender como foram produzidas e de onde surgia tanta perfeição no cenário de misto de montanhas, praias e pássaros que pareciam ser pintados de tão perfeitos. Nessa hora, já não havia com quem contracenar, o “texto” qual ensaiei durante 6 meses não podia conter erros, o público que esperava pelo final estava ansioso para saber o que aconteceria com o jovem coadjuvante. Era ali então a minha oportunidade de brilhar, aumentei a passada, respirei fundo, pensei na minha vida, na família, amigos, colegas, equipe de apoio, clamei pelas forças divinas e lá estava eu subindo a serra dos últimos quilômetros de uma forma brilhante, mas tão mágica que nem Harry Potter em sua série de 7 filmes conseguiria ser tão perfeito no uso da magia. Já se passava das 5 horas de filme, o final se aproximava, a pipoca e o refrigerante já havia acabado. Nenhum dos presentes na linha de chegada desgrudava os olhos daquela linha, aguardando surgir do horizonte em meio a areia, suor e lama aquele que a partir dali entraria para o hall da fama com direito a indicação para oscar de melhor coadjuvante. Mas calma aí, não lembro de ter no roteiro dores e câimbras no final do filme, não ensaiei essa parte, mudaram o fim? Essa cena dramática não seria pro Richard Gere? Onde está o James Franco? Será que essa cena era minha mesmo? Quando olhei pros lados e não encontrei ninguém e os sons que ouvia eram de buzinas de carro e gritos de incentivo, percebi que a cena era minha, eu fui escolhido para estar alí. Nessa hora a determinação e a vontade são mais fortes, acreditei ser o Peter Pan, me senti na terra do nunca, onde tudo era possível desde que se acreditasse. Mais uma vez não errei a fala, não cortei a cena, não gravei mais que uma vez. Corri para os últimos 3 minutos de prova em prantos que misturavam dor com a sensação de dever cumprido e o poder da realização, toda platéia presente aplaudia a chegada vitoriosa do até então coadjuvante, que depois desse “filme” de duração de 5 horas e 41 minutos, tem a certeza que terá grandes papéis como ator principal nas grandes produções. Ah e as famosas letrinhas de créditos finais que passam no final do filme, sabe da importância delas? Eu sei sim, são pessoas que fazem parte do “filme” da vida e não aparecem em cena, na minha telinha também tem e são tão importantes que sem eles não adiantaria gastar milhões numa produção estilo Hollywood, porque não haveria sucesso algum. Créditos finais: Andreia Roldão Perestrelo, Marcelo Spina, Fabiano Borsato, Aninha Borsato, Matheus Borsato, Débora Branco, Amanda Frigene, Rafael Maiolino, Juari Santana, Simone Azevedo, Márcia Szarfarc Rosenthall, Luis Fernando Berleze, Sergio Henrique, Marisa Kumimatsu, meus parceiros e amigos do Grupo Corredores da Zona Norte e da Academia RWhite. No filme da vida não há dublês, é rara uma segunda chance de regravar a cena, errar a fala pode ser comprometedor e desastroso, não há tempo para ensaios, um final feliz nem sempre acontece. Por isso aproveite cada momento, dedique-se, comprometa-se a fazer o melhor sempre antes que tela e as luzes se apaguem. (Marcelo Avelar)
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 21:05:07 +0000

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