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UOL - Como o Vaticano e o papa Paulo 6º se posicionavam? Frei Betto - O papa não se posicionou no início. Mais tarde, o Vaticano veio a censurar a ditadura. Porque com o tempo a repressão se estendeu também à igreja e daí criou-se não só uma divisão na igreja, mas a própria CNBB foi se afastando da ditadura. A partir dos anos 70 a CNBB foi praticamente a grande voz de defesa das vítimas da ditadura. Tanto que o mais importante documento sobre os mais de 20 anos de ditadura foi produzido pelo d. Paulo Evaristo Arns, que é o livro Brasil Nunca Mais, que ele fez também com o reverendo Jaime Wright. A igreja e a própria CNBB se tornaram, a partir do AI-5, uma voz contra a ditadura. A igreja mudou de posição à medida que padres, bispos e religiosos eram também perseguidos e vitimizados pela ditadura. O d. Adriano Hipólito, por exemplo, bispo de Nova Iguaçu (RJ), foi apreendido e torturado. O d. Marcelo Carvalheira, que era assessor de d. Helder, foi preso comigo no Rio Grande do Sul. Toda essa repressão que atingiu os bispos fez com que a igreja assumisse cada vez mais uma posição crítica à ditadura. Na medida em que os bispos foram se posicionando, Paulo 6º veio em apoio, tanto que na prisão dos dominicanos se manifestou explicitamente a nosso favor. Enviou-nos de presente um rosário feito de contas de oliveiras de Jerusalém e um cartão manuscrito como um testemunho de afeição, Paulo 6º. Tivemos um apoio explícito nos quatro anos em que estivemos presos.
Posted on: Thu, 20 Mar 2014 14:36:15 +0000

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