Um tema é urgente no imaginário brasileiro: a destituição das pseudo-dicotomias. E quando falamos em falsas contradições, não raro o PT as protagoniza, o que em parte se deve aos dez anos de governo, mas também e principalmente à desastrosa atuação do partido: governabilidade, neo-desenvolvimentismo, alianças espúrias... O PT quis se estabelecer entre gregos e troianos forçando falsas contradições, dicotomias ilusórias que lhe permitissem se manter de pé em meio ao verdadeiro fogo cruzado, nunca àquele alegado pelos petistas. Pois bem, pra infelicidade e ruína do povo brasileiro, a estratégia vem dando certo, incrivelmente certo, arrebanhando inclusive tantas boas cabeças da esquerda e dos formadores de opinião brasileiros. O problema é grave, e tem o condão de pôr em risco as já parcas conquistas democráticas das últimas décadas, como ilustra perfeitamente a foto abaixo: enxergando contradição na identidade, um grupo pede a volta dos militares ao poder. Não são capazes de entender a continuidade da ditadura no governo petista, pois desconhecem a fundo o funcionamento das instituições que reivindicam. Eu tranquilizo os apologetas: se vocês querem os militares, sorriam, eles estão aí, e estão com tudo, cumprindo sua mais essencial função, a saber, a manutenção da dinâmica da propriedade privada pelas mãos do Estado nacional. Ou seja: estão em matrimônio fértil com o PT. Dona Dilma, senhores, a despeito do que se celebra de seu passado, é inexpressiva até para um fantoche, quando se põe em questão as dinâmicas do capital que são confundidas como adversárias de seu governo. Dona Dilma está de mãos dadas com o capitalismo mais tacanha das Américas. Outras pseudo-dicotomias merecedoras de destaque são aquelas que os petistas (os que se entendem como tal e os governistas-sem-querer-sim-senhor-com-unhas-e-dentes, como os cães de guarda do PseudoB) tentam provar que existem entre, por exemplo, eles e os tucanos, ou, ainda, entre o PT e o PIG (Partido da Imprensa Golpista, apelido carinhoso pra grande mídia efetivamente golpista). Não há contradição. Há, no máximo, variações de um mesmo projeto. Variações que beiram ao mero preciosismo, dada a gravidade da essencialidade daquilo que negligenciam. Avancemos no esclarecimento dessas questões. Esforcemo-nos a todo custo para desmitificar as contradições ilusórias, trazendo à luz a contradição real entre o trabalho e a apropriação capitalista. Caso contrário, corremos o risco da face mais feia da moeda (a mesma moeda!) voltar ao poder, impulsionada pela confusão que combatemos. Cara ou coroa, Dilma ou militares, sempre a mesma moeda: o capitalismo atrofiado colonial.
Posted on: Fri, 19 Jul 2013 16:55:51 +0000
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