Usagi Yojimbo A espada de um samurai é mais do que apenas uma - TopicsExpress



          

Usagi Yojimbo A espada de um samurai é mais do que apenas uma arma – ela é a sua alma. Por isso, ele deve se mostrar digno para possuir um Daisho, o nome dado ao par de espadas que só é usado por um Samurai. Em seus anos como guerreiro, lutando contra as injustiças e aprimorando suas habilidades espirituais e marciais, Miyamoto Usagi fez muito mais do que apenas merecer as suas espadas. Após enfrentar inúmeras batalhas e sobreviver a imensos derramamentos de sangue, Usagi continua sua peregrinação. Nas aventuras deste volume ele encontra um monge que o ensina sobre a música da Shakuhachi, um instrumento antigo, e compartilha com ele seu maior sonho, ouvir a tão almejada “Música dos Céus”. Sua jornada o leva a participar relutantemente de um duelo por dinheiro e, mais tarde, enraivecido pelo roubo de suas espadas, Usagi jura caçar o líder de um grupo de bandoleiros que roubou seu Daisho. Além dessas incríveis aventuras, um pouco mais do passado do nosso implacável samurai é revelado numa história cheia de ação, poesia e tradições do Japão feudal! Esta edição traz ainda um prefácio escrito pelo roteirista de quadrinhos James Robinson (Starman e Sociedade da Justiça), que conta sobre o surgimento de Usagi Yojimbo no mundo dos quadrinhos na década de 80, e um glossário repleto de informações sobre o fantástico universo de Usagi Yojimbo e o rico folclore japonês! Fiquei surpreso ao escrever isso. Fui chamado para escrever esta introdução porque (assim imagino) eu disse em entrevistas e ao próprio Stan que gosto muito desta HQ. E estou surpreso porque fui convidado por causa desse motivo... Porque o fato de eu gostar desta HQ me surpreende. Ou ainda gostar dela, para ser mais exato, e aqui está a minha opinião do que eu (talvez cruelmente e com um certo desprezo) chamo de HQs de “truque”. Parece-me que Usagi foi um produto do “BUUUM” dos quadrinhos P/B do final dos anos 80 e, sendo assim, quando a série surgiu na Alberdo e na Critters, ela se encaixou bem nas tendências daquele momento. Havia muitas revistas diferentes na época, com personagens estranhos e, às vezes, amáveis publicados pela Kitchen Sink, Fantagraphics, Aardvark-Vanaheim e muitas outras editoras menos conhecidas. Analisando agora, aquele período dos quadrinhos estava tomado pela diversidade. Os super-heróis ainda dominavam o cenário, como acontece desde os anos 60, mas, ao mesmo tempo, as pessoas estavam experimentando coisas novas. Títulos com mais ênfase em histórias policiais, terror ou humor começavam a aparecer com mais força ainda do que nos anos 50. Esse também foi o período da reinvenção da narrativa liderada por Frank Miller, Alan Moore, Matt Wagner e Howard Chaykin. E o resultado foi um agradável período de vale tudo. Por esse motivo, essa foi uma época de grandes idéias, boas e más, e algumas que, apesar de serem boas, esbarravam em suas próprias limitações. Estou falando de uma HQ com um bom gancho que resultava em algumas boas histórias, mas nada além disso. Nada que fizesse você comprar uma edição após a outra. Quem leu uma, leu todas. Leu cinco, leu todas. Leu vinte, leu todas. Você via essas séries sendo lançadas com muita pompa e aplausos e os fãs já as consideravam “quentes” na quarta ou na quinta edição. Os primeiros números com pedidos abaixo do esperado tinham seus preços supervalorizados. Então, depois de um tempo, essa “chama” iria diminuir e números atrasados que todo mundo queria iriam parar nas caixas de revistas antigas. E, em um ano, a revista seria completamente esquecida. Concomitante a essa relativa diversidade, um dos fenômenos que ocorreu foi o ressurgimento das histórias com “bichinhos engraçados”. Algumas dessas eram de puro humor. Outras seguiam a linha do Pogo e se aproximavam mais da sátira. E umas poucas tinham personagens antropomórficos com temas sérios. Revistas que mostravam as aventuras de personagens que poderiam ser totalmente humanos, mas, por causa das preferências de seus criadores, eram representados como meio-humanos ou animais. Cutie Bunny, Omaha e outras séries que estrearam na revista Critters, ao lado de Usagi, eram histórias que poderiam usar apenas pessoas reais. O elemento antropomórfico, creio eu, ajudou a diferenciá-las. Assim, Usagi poderia simplesmente narrar as aventuras de um samurai. Mas o fato de ele ser um coelho atraiu a atenção das pessoas. Deu certo. Mas isso também poderia ter sido sua ruína. Na minha cabeça, Usagi Yojimbo era uma HQ de “truque”. Um coelho samurai. Tá legal... Engraçado e bonitinho, mas com mortes e lutas de espada. Ele foi bem recebido, saindo das páginas da antologia Critters para ganhar sua própria revista. E eu continuei gostando dele. Mas eu tinha medo de, um dia, abrir uma revista dele e sentir que já havia lido aquela história antes, da mesma forma que havia acontecido com tantas outras revistas da época. Quadrinhos que pareciam tão ricos e variados estavam começando a ficar sem graça e repetitivos. Com ou sem uma implosão das revistas em preto e branco, esse momento dos quadrinhos estava morrendo. Os melhores... e apenas eles continuaram. Alguns ainda são publicados hoje em dia, mas a maioria foi completamente esquecida. O mesmo vale para os bichinhos engraçadinhos... Com exceção de Usagi, Neil the Horse e Cuttie Bunny, todos os personagens da Critters, tinham acabado porque todas as histórias que você podia contar com esses personagens já haviam sido escritas. E quanto ao pequeno coelho de espada grande? Ele ainda estava sendo publicado. E eu continuava lendo suas aventuras. E as semelhanças nas histórias que marcavam o início do fim de uma revista não estavam à vista. Eu já havia me conformado em, um dia, não me importar mais com a série do Usagi, mas eu ainda me importava. E as histórias continuavam a me surpreender e me interessar. Na verdade, acho que com a evolução de Stan como autor, suas histórias ficaram cada vez melhores. O que nos traz ao presente. Muitos anos depois e três editoras diferentes para Usagi Yojimbo, a HQ de “truque”... Eu me lembro de ter lido o prólogo de cinco páginas da edição onze, detalhando como uma espada de samurai era feita – e me diverti muito com a lição de História –, enquanto a seqüência também explicava o quanto suas espadas significavam para Usagi e por que ele tinha de recuperá-las após terem sido roubadas. Eu me lembro de pensar na época como esses dois aspectos da história mantinham a narrativa interessante e foram brilhantemente equilibrados pelo Stan. O aspecto histórico de Usagi é algo que Stan jamais deixou de lado. Sua pesquisa desse período torna as histórias mais autênticas, apesar de serem estreladas por animais falantes. Porém, ao mesmo tempo, as referências históricas estão primorosamente espalhadas pelo livro para evitar que ele fique muito carregado. Stan não tem medo de seqüências sem texto para dar clima ou destacar emoções. Sua narrativa e suas habilidades gráficas são tamanhas que ele é capaz de abrir mão do diálogo e dos recordatórios para seqüências sutis que são muito sofisticadas e audazes. Stan também nunca se permite ser esperto demais. Sua narrativa é simples. A disposição dos quadros jamais tira a atenção da história. Os recordatórios nunca estão na primeira ou na segunda pessoa – recurso usado quando os atos dos personagens são definidos pelo pensamento e que nunca é tão interessante quanto os personagens em ação. Ah! E que personagens! Usagi; Kinuko, seu amor perdido; o ronin errante Inukai; o misterioso Jei; e o impetuoso e adorável Gen. Stan teceu um elenco variado e rico ao lado de Usagi, todos com motivações diferentes e demônios interiores que os separam do nosso personagem principal e os tornam únicos. Acredito que, no final, isso é a essência desta HQ. Não o fato de ela ser antropomórfica com um coelho como personagem central. Se fosse apenas isso, duvido que Usagi durasse mais do que um ano. Não. Este é um título escrito com maestria. Sempre novo, com personagens empolgantes e autênticos. Suas histórias continuam vindo. E, quando você acha que já viu tudo, Stan chega com um novo ponto de vista dos temas ligados aos samurais, ou uma nova oportunidade de experiência para Usagi, e somos levados para terrenos inexplorados. A HQ é sólida, bem feita e com uma narrativa criativa. Uma narrativa clássica. Hummm. Talvez esse tenha sido o truque desde o início. Stan Sakai nasceu em Kyoto, Japão, cresceu no Havaí e agora vive na Califórnia com sua esposa, Sharon, e seus filhos, Hannah e Matthew. Ele se formou em artes plásticas pela Universidade do Havaí e depois continuou seus estudos na Art Center College of Design em Pasadena, Califórnia. Seu personagem, Usagi Yojimbo, apareceu pela primeira vez nos quadrinhos em 1984. Desde então ele já esteve na televisão (com participações no desenho das Tartarugas Ninjas), foi transformado em brinquedos, estampou roupas e possui uma série de graphic novels.....
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 13:25:55 +0000

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