esse debate que envolve as séries de TV americanas e a atual - TopicsExpress



          

esse debate que envolve as séries de TV americanas e a atual Hollywood tem animado alguns colunistas. recentemente, o Michel Laub escreveu na Folha algumas considerações sobre o tema. ontem, o português João Pereira Coutinho voltou ao assunto, no mesmo jornal, comparando a série The Wire ao filme Gravidade, de Alfonso Cuáron. a constatação mais difundida, quando se debate esse tema, é a de que o cinema perdeu a luta diante da TV. eu não conheço todas essas séries, e dessa forma não posso me alongar a respeito de sua qualidade. imagino que sejam todas muito bem feitas, com ótimos roteiristas, excelente fotografia e arte, boa trilha, bons atores etc. é fato que o público atual consome audiovisual prioritariamente em casa - blu-ray, dvd, netflix, tv a cabo, arquivos em 720 ou 1080p baixados - enfim, há várias opções das quais você pode usufruir em casa e, em alguns casos, de forma gratuita com uma qualidade mínima de imagem e som. o cinema, no entanto, resiste. e com bons exemplos. não sou um grande defensor do filme Gravidade, do Cuáron, embora o filme ofereça um potencial de imersão raro no cinema feito hoje em dia nos EUA. e essa imersão, deixemos claro, só pode ocorrer em uma sala de cinema, com ambiente escuro, som amplificado, no qual a tela é bem maior que o espectador. no caso do atual cinema americano (pois esse é o contexto geralmente comparado ao das séries de TV), temos grandes diretores veteranos que continuam a filmar: Terrence Malick, Monte Hellman, Martin Scorsese, Brian de Palma, Clint Eastwood, Woody Allen, William Friedkin (seu recente Killer Joe, por exemplo, deve entrar nas listas dos melhores de 2013).. isso para não citar os veteranos que ainda filmam, mas sem o vigor de antes.. em uma geração intermediária ainda há David Cronenberg, Quentin Tarantino, Tim Burton, Gus Van Sant, Jim Jarmusch, Irmãos Coen, e tantos outros que volta e meia nos oferecem filmes magistrais.. e se olharmos para a geração mais recente, há Wes Anderson, Paul Thomas Anderson, David Fincher, Sofia Coppola, Spike Jonze, James Gray, Derek Cianfrance, entre outros, mais e menos conhecidos, que estão a constituir uma cinematografia. fica claro, portanto, que sim - há uma série de grandes diretores no cinema americano que estão na ativa e que devem nos oferecer, a cada ano, no mínimo 10 filmes muito bons, e que terão o interesse do público em um prazo incomensurável. o que favorece as séries de TV, quando comparadas ao atual cinema industrial americano, é que geralmente se compara uma boa série com um filme mediano ou ruim. nesse sentido ocorre algo similar ao que encontrávamos nos anos 90, quando se comparava o melhor do socialismo com o pior do capitalismo. a balança, portanto, será sempre desfavorável. o que se observa é que houve sim um notável crescimento de público para as séries de TV, não só no Brasil, mas em todo o mundo, e houve também uma restrição ainda maior ao que havia de energia criativa em Hollywood. nesse sentido, é perfeitamente justificável essa impressão de que um meio ultrapassou o outro. mas sob um aspecto um pouco mais amplo, o cenário não é exatamente esse. o cinema americano industrial continua forte, e com inúmeros filmes de interesse estético, e não só comercial. filmes como The Tree of Life, por exemplo, ainda vão dar muito o que falar. há também o fato de que esses diretores também fazem projetos para a TV, e um meio acaba por estimular o outro. a revolução, talvez, que esteja ocorrendo, e de forma silenciosa, é a da recepcão do audiovisual. em algum momento da história, as pessoas deixaram de ler livros em uma biblioteca, pois podiam comprá-los e ler em casa. no caso do cinema, essa revolução começou a ocorrer nos anos 70, com o VHS, e prosseguiu com o DVD, o Blu-Ray, o NetFlix etc.. no fundo, está ocorrendo aquilo que Antonioni havia previsto nos anos 80. ele dizia que em algum momento a tela da TV ia ficar tão grande e a tela do cinema tão pequena que seria impossível distingui-las. talvez seja esse o momento que estamos vivendo - o que é cinema, o que é TV? está tudo muito misturado. e talvez seja bom que seja assim. Roberta Takamatsu Aüber Sobrenome Rafael Ceribelli Nechar Artur Ianckievicz Carlos Fofaun Fortes Edu Reginato Guilherme Peraro Mayhara Nogueira Piana
Posted on: Wed, 06 Nov 2013 13:26:20 +0000

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