se ser poeta é ser um exotérico da língua, eu não sou poeta, - TopicsExpress



          

se ser poeta é ser um exotérico da língua, eu não sou poeta, se ser poeta é ser um defensor mágico do imperialismo na língua, eu não poeta, se ser poeta é cultivar a prosódia colonizadora na língua, eu não sou poeta, se ser poeta é semear no presente as ausências mitológicas das reminiscentes ontologias incandescentes das genealógicas vozes antológicas das transcendências vaporosas na língua, eu não sou poeta, se ser poeta é ter orgulho da herdada imposta posta língua em que nos expressamos submissos à ordem dos sentidos das morfológicas sintaxes dos reinos pneumáticos das almas dos gramáticos com seus suspiros oligárquicos de manifestos destinos pragmáticos, eu não são poeta, se ser poeta é tecer e entretecer a crença atmosférica na língua como minha pátria ignorando a mather dicção sem filiação das falas sem proteção, eu não sou poeta, se ser poeta é escrever corretamente um poema, eu não sou poeta, se ser poeta é dilatar o reino do já dito como édito Édipo da sentença de morte que ecoa no está escrito e assim deve ser porque sempre foi, eu não sou poeta, se ser poeta seja escrever um poema incorporando nele os fantasmas do cânone dos roubados sobrenomes dos poetas dissidentes da língua erguendo-os como poetas que, embora não cultivassem a língua, passaram a ser poetas da língua, eu não sou poeta, se ser poeta é não ir além do aquém dos ladrões da língua de todo o mundo, eu não sou poeta, se ser poeta é não inventar insurgentes não línguas fora das obedientes línguas, eu não sou poeta, se ser poeta seja mistificar o despótico sorriso pleno da ontologia indiferente à banguela odontologia dos que silvam nos vazios cheios de outras línguas, eu não sou poeta, se ser poeta é tudo isso que dizem que o poeta é, um devoto místico que finge ser um fingidor que não sabe sabendo que a língua é campo de extermínio pros sem línguas, fingindo tão completamente que não mais enxergamos, ouvimos, falamos, escrevemos, sentimos, através do poeta, o sangue em dor que escorre verborrágico nas normas da bem escrita e bem falada língua de todos as épocas, eu não sou poeta e, como não poeta, acuso os poetas de serem parafrásicos parafascistas paramilitares fundamentalistas reacionários defensores dos invasores germânicos das xamânicas línguas britânicas das cortes das endeusadas semânticas dos mantras nas línguas, se ser poeta é ser poeta da língua, eu não sou poeta, sou um não poeta um não ser da língua um nômade em vitupérios pros mistérios dos impérios das línguas, se ser poeta é ser um religioso doente das eugenias das línguas, eu não sou poeta; se ser poeta é ser um guardador de rebanhos de domesticadas linguas, eu não sou poeta; se ser poeta é escrever na língua como se a língua do mundo não fosse esta em que os 200 bem-falantes das línguas genocidas da modernidade não concentrassem hoje mais fortunas que os mais de 2 trilhões de habitantes sem língua deste planeta; se ser poeta é ser um banqueiro da língua, sou búfalo solto nas estrelas das mariposas nas metamorfoses das querelas nas borboletas tagarelas aquarelas sem línguas bacharelas
Posted on: Mon, 21 Oct 2013 09:00:32 +0000

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