A BOMBA RELÓGIO CHINESA A questão nuclear da Coréia do Norte - TopicsExpress



          

A BOMBA RELÓGIO CHINESA A questão nuclear da Coréia do Norte dominava as manchetes quando a Presidente da Coréia do Sul, Park Geun-hye, se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim, na semana passada. Mas talvez eles devessem ter passado mais tempo discutindo o estado delicado do sistema financeiro chinês, o qual representa uma ameaça imediata para o bem estar de ambos os países. Com a lentidão das exportações sul coreanas para a Europa e Estados Unidos e a queda na competitividade das mesmas, as quais estão sendo prejudicadas pelo enfraquecimento do iene japonês, a China se torna cada vez mais importante para a saúde econômica da Coreia do Sul. As dezenas de empresários sul coreanos que acompanharam a Presidente Park em sua visita, ressaltaram o fato de que a China é o principal parceiro comercial da Coréia do Sul. A China agora compra mais produtos da Coréia do Sul do que o Japão, e Seul quer aumentar o comercio bilateral para US $ 300 bilhões em 2015, já que em 2012 este valor já era de U $ 250 bilhões. Assim sendo, pode ter sido motivo de preocupação para a Presidente Park, o fato de que poucos dias antes de sua chegada a Pequim o sistema bancário chinês tenha sofrido uma crise de crédito repentina, um sintoma de falha do modelo de crescimento daquele país. A Expansão econômica da China, especialmente desde a crise financeira global em 2008, apoiou-se em uma quantidade insustentável de dívidas. Investimento desperdiçado na construção e na indústria, alimentado por uma farra do crédito bancário ao longo dos últimos cinco anos, está criando pressões inflacionárias e ameaçando a estabilidade social. O alarde creditício beneficiou a elite empresarial, mas tem sido uma fonte de crescente preocupação para o governo que teme as consequências ruins para a estabilidade social. O banco central da China tem apertado a liquidez do sistema bancário oficial desde 2010, em uma tentativa de recuperar o controle sobre o crescimento do crédito. Como resultado, os mutuários sobrecarregados e desesperados, incluindo os governos locais(das cidades), voltaram-se para o sistema bancário (não governamental) "paralelo", que oferece emprestimos de curto prazo e juros altos. Os empréstimos são feitos por instituições financeiras em grande parte não regulamentadas, as quais atraem fundos de poupadores que querem ganhar altas taxas de juros. Taxas estas, que não são pagas pelos bancos oficiais. A demanda por estes chamados "empréstimos fiduciários" cresceu quase 700 por cento no ano passado, e qualquer redução na liquidez proporcionada por elas pode resultar em uma grande crise de solvência, uma vez que as empresas e os governos locais seriam incapazes de pagar suas dívidas. Tal situação parece familiar para qualquer coreano que viveu as crises das décadas de 1980 e 1990, quando uma extensa rede de instituições financeiras não bancárias, ajudaram na elevação dos níveis da dívida corporativa, tendo preparado o palco para a crise financeira de 1997. O Banco Central da China e o Banco do Povo da China (BPC), estão muito conscientes de que eles precisam diminuir muito a concessão de empréstimos para impedir que os já grandes níveis de endividamento cresçam ainda mais. Como um tiro de aviso, eles previram a crise de crédito em meados de junho, recusando-se temporariamente a injetar mais liquidez nos mercados de capitais. O resultado foi que as taxas de juros que os bancos cobram entre si para empréstimos dispararam, o que particularmente afetou os “bancos paralelos”. O BPC, desde então, aliviou a crise de liquidez, mas a sua ação recente tem sinalizado a sua determinação em reduzir gradualmente o crescimento do crédito pelos bancos “paralelos” em uma forma ordenada. Mas essa política não virá sem custos. O maior golpe será sentido pelo setor imobiliário que, muitas vezes têm seus projetos financiados com a ajuda de governos locais. Mas a metade dessas chamadas organizações que financiam os governos locais (IEFGL) são incapazes de pagar suas dívidas, de acordo com os órgãos reguladores. O pressuposto é que o governo central acabará por salvar os IEFGL, mas não há garantias de que isto venha a acontecer, pois, é muito grande a quantidade de dinheiro envolvido. A situação das Instituições de Emprestimos Fianceiros para os Governos Locais - cidades-(IEFGL) mostra bem o dilema que a China enfrenta. O país embarcou em uma onda maciça de construção e investimentos em infraestrutura a partir de 2008, em um esforço para manter o crescimento econômico. Mas é agora confrontado com um excesso de oferta de construção de prédios para escritorios e projetos habitacionais, que são conhecidos como "cidades vazias" da China, e estão atoladas em dívidas. Muitos desses projetos habitacionais são susceptíveis de permanecerem encalhados, uma vez que os potenciais residentes ou empresas não podem comprá-los, porque também estão atolados em dívidas. O fim do boom de crédito na China vai forçar algumas escolhas difíceis sobre o que fazer com os projetos inúteis e não lucrativos cujo resultado provavelmente levará o país a diminuir o crescimento econômico, enquanto o sistema bancário é reestruturado. A desaceleração da economia chinesa terá um impacto profundo sobre a Coréia do Sul, que já enfrenta as conseqüências de sua própria bolha de dívida que começou a estourar há 15 anos. Comparações entre a Coreia do Sul e a China são inevitáveis. Ambos estão envolvidos em uma farra de empréstimos para financiar a habitação e a construção, deixando suas populações com enormes dívidas, com as famílias sul coreanas entre as mais endividadas do mundo desenvolvido. O boom da construção civil nos dois países terminou com a poupança pública desperdiçada em elefantes brancos e com uma improvável recuperação nos preços dos imóveis, uma vez que a China e a Coreia do Sul seguem o Japão num identico ciclo de envelhecimento demográfico. Traduzido por Elias Mansur Neto John Burton, ex-correspondente da Coréia do Sul para o Financial Times, agora é um jornalista independente, sediado em Seul e consultor de mídia. Ele pode ser contatado pelo john.burton @insightcomms. koreatimes.co.kr/www/news/opinon/2013/08/396_138556.html
Posted on: Mon, 26 Aug 2013 20:22:21 +0000

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