A Cidade de Mário Dorminsky Mário Dorminsky intervém como - TopicsExpress



          

A Cidade de Mário Dorminsky Mário Dorminsky intervém como cidadão desde sempre. Não é apenas o fundador do Fantasporto ou o político empenhado; intervém nos cafés, nas tertúlias, em conferências. Questiona, discute, polemiza sobre todas as questões que interessam à Cidade. A Cidade, para onde cada vez mais conflui a população mundial, constrói-se pela diferença, pela complementaridade, pelo debate, pelo diálogo. Por isso é cada vez mais importante a reflexão sobre os diferentes temas que nos preocupam enquanto cidadãos. Na observação do dia a dia, olhando para as mesmas coisas, para as mesmas situações, poderemos ver o mesmo, mas cada um de nós interpreta de forma diferente. «As pessoas veem estrelas de maneiras diferentes…», disse Saint-Exupery. Não importa a unanimidade; importa a busca do consenso. É através da diferença e do debate que é possível encontrar o caminho. Por isso, estou menos preocupado em encontrar os pontos em comum com Mário Dorminsky do que na discussão dos argumentos que ele coloca em cima da mesa para o debate, adiantando a sua opinião, os seus pontos de vista. Sabemos que é mais através do dissenso do que do consenso que seremos capazes de construir uma Cidade melhor. A diferença ajuda a fazer o caminho, desde que se seja capaz de respeitar a legitimidade das decisões tomadas. A democracia é fundamentalmente o diálogo entre adversários, como defendia Ortega y Gasset. Scott Fitzgerald, refletindo sobre o indivíduo de mente aberta, dizia que ele deveria ser capaz de sustentar duas ideias opostas ao mesmo tempo. Poucos de nós são capazes de o fazer ou de, como dizia Cícero, ser portadoras de três pessoas: eu mesmo, o meu adversário e o juiz. Mas é esse debate, essa dialética, que permite ver mais claramente visto. É exatamente isso que Mário Dorminsky faz, uma vez mais, neste seu livro «Portugal à espera – crónicas do Porto»: exercita o debate. Como nos tem vindo a habituar, reúne em livro um conjunto de crónicas que foi publicando na imprensa. Sem preocupações de caráter cronológico, vai expondo a sua opinião sobre os mais diversos temas que importam à Cidade. Não se limita àqueles que mais o (pre)ocuparam ao longo da sua vida cívica e profissional: a cultura e o turismo. Bem ciente de que a Cidade deve ser construída – numa construção que é permanente, física e ideologicamente – de forma transversal, tem uma perspetiva abrangente, refletindo sobre todos os temas que interessam a todas as pessoas que nela vivem. Encontramos a sua opinião sobre a administração pública e sobre o planeamento, sobre a terceira idade e sobre a educação dos jovens, sobre o ensino superior e sobre as instituições culturais, sobre a preservação do património construído e paisagístico e sobre as infraestruturas logísticas e de transportes, sobre o abandono do interior e sobre as questões económicas, sobre a banca e sobre os novos meios de comunicação… Tudo, sem esquecer uma questão que é essencial ao seu pensamento: a administração regionalizada como instrumento determinante para um Portugal menos centralizado, mais equilibrado, mais justo e mais solidário. Este livro de Mário Dorminsky constitui mais uma pedra na construção da Cidade. Nas suas páginas estão vertidas opiniões políticas de um cidadão comprometido. De um cidadão que envolve e que se deixa envolver pelos seus concidadãos, sem prescindir de emitir a sua opinião, de dialogar, de provocar. E de participar civicamente, não apenas na gestão da coisa pública, como ainda em associações e em movimentos e iniciativas cívicas. Sem perder de vista uma perspetiva de cultura, da cultura da Cidade, pois sabe que esta é o coração que a faz pulsar. Uma perspetiva de cultura nunca se basta com um plano; ela é necessariamente plural, tal como Picasso representava nas suas telas a multiplicidade de uma imagem. Neste livro, Mário Dorminsky assume uma visão da Cidade a partir do Porto: «crónicas do Porto». De um Porto que obriga a percorrer um caminho, Porto do granito que transmite a força da resiliência, Porto do nevoeiro que permite a esperança, Porto do rio e do mar que rasgam horizontes. Por isso, permito-me interpretar o título principal deste livro, «Portugal à espera», nesta perspetiva de movimento em busca de um futuro melhor. Não se trata apenas de ultrapassar as pedra maiores ou menores que, de tempos a tempos, vão sendo colocadas no nosso caminho coletivo. Trata-se, isso sim, de promover o debate construtivo e descomprometido, a forma mais adequada de construirmos a Cidade onde poderemos, todos juntos, viver melhor. Manuel de Novaes Cabral
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 09:14:11 +0000

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