A DERROCADA DE EIKE Nos últimos dez anos assistimos a ascensão e - TopicsExpress



          

A DERROCADA DE EIKE Nos últimos dez anos assistimos a ascensão e queda do império de Eike Batista. Eike é filho do especialista em mineração Eliezer Batista, que foi ministro das Minas e Energia no governo João Goulart e presidente da Companhia Vale do Rio Doce durante décadas em que o controle acionário da empresa pertencia do governo federal. Sua administração, sem dúvida, foi a mais profícua da vida da companhia, período em que expandiu-se de suas bases de mineração primitivas em Minas Gerais para atuar em todo o Brasil, sobretudo com a descoberta das minas de Carajás e a consequente implantação dos complexos de exploração das jazidas ferro, bauxita e outros minérios que hoje sustentam significativamente as economias do Pará e Maranhão. Eike, assim, é um bem-nascido no mundo empresarial e, certamente, deve ter herdado a inteligência e os conhecimentos do pai – que fala nove idiomas – nas áreas da engenharia, da tecnologia e dos negócios grandiosos. Logo, Eike já era conhecido no mundo empresarial nacional, a partir do Rio de Janeiro, mesmo antes de se casar com a modelo, rainha de bateria de escola de samba e celebridade brasileira Luma de Oliveira, com quem viveu de 1991 e 2004. Também é verdade que era um agressivo e bem-sucedido empresário do ramo de mineração até dez anos atrás, pois seus projetos de exploração mineral ancoravam-se em bases reais de minas efetivamente prospectadas e reconhecidas como de alta rentabilidade para a exploração de suas jazidas. Passou a ser conhecido no mundo empresarial como garoto-prodígio e habituou-se a apresentar-se como verdadeiro “self-made businessman”, nunca enfatizando a sua ascendência paterna para justificar o seu talento. No entanto, já chamava a atenção dos leigos dos altos negócios do país e do mercado de capitais, como eu, que os empreendimentos lançados por Eike em geral não envolviam a implantação de indústrias ou de agro-negócios, enfim, aqueles projetos que ao serem apresentados à população já indicam quais os bens que serão produzidos. O que se destacava nos negócios de Eike eram os lançamentos de papéis do mercado de capitais (ações) e do mercado financeiro (debêntures). Vale registrar que certa vez, conversando com um empresário minerador a respeito do assunto, este informou-me que o negócio de mineração era assim mesmo, ou seja, uma vez descoberta a jazida e regularizada a sua exploração, o detentor da concessão da lavra já pode considerar-se milionário pois a riqueza já está identificada e jaz com segurança no subsolo. A realidade é que com base nessa premissa o senhor Eike Batista foi se impondo como o maior empresário do ramo no Brasil, excepcionando-se as empresas gigantes como a Petrobrás, Vale e a CSN. Adotado pelos governos petistas como um dos mais promissores empresários brasileiros para alcançar as primeiras posições de homens mais ricos do mundo – uma política de governo, acreditem! – Eike decidiu construir um império econômico privado a partir de vários lançamentos simultâneos de grandes projetos diversificados, incluindo os ramos de petróleo, portos, energia, construção naval, mineração de ferrosos e não-ferrosos, entretenimentos, e outros. Resumo: com o apoio do governo federal, com a força da mídia paga, tentou realizar em cinco anos uma empreitada que qualquer grupo econômico no mundo levaria pelo menos três décadas. Através de sua empresa holding EBX conseguiu viabilizar a criação de empresas coligadas, cada uma num setor estratégico, através de financiamentos público (a maior parte) e privados, estes pelos aportes dos bancos privados e, principalmente, pela venda das ações do grupo na bolsa de valores. Em que pese o provável talento excepcional de Eike, este pecou pela ambição desmedida e pela imprevidência gerada pela pressa em atingir o posto de homem mais rico do mundo até 2017. Talvez sua vaidade tenha sido sua maior falha. Esta semana vimos o Ministro da Fazenda afirmar que o fracasso do grupo EBX tem atrapalhado o Brasil em termos macroeconômicos, pois trouxe a falta de credibilidade à economia brasileira, enquanto a imprensa anunciava o não-pagamento da primeira parcela dos juros internacionais da empresa OGX e a retirada dos escritórios do grupo EBX do icônico edifício Francisco Serrador no Rio de Janeiro. Torçamos para que os grandes credores e, sobretudo, o governo federal encontrem o equacionamento da sobrevivência das empresas criadas por Eike repassando-as para grupos empresariais com capacidade para administrá-las eficientemente, a fim de que os infelizes investidores do povo, que acreditaram nas notícias da grande imprensa, venham a recuperar as economias aplicadas no grupo EBX através da bolsa de valores. Manaus, 01 de outubro de 2013. Frederico Veiga.
Posted on: Sat, 05 Oct 2013 17:00:15 +0000

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