A Transcendência e a Imanência Por Wanderley Queiroz Tentem - TopicsExpress



          

A Transcendência e a Imanência Por Wanderley Queiroz Tentem imaginar o infinito. E utilizando o recurso desta imaginação, tentem conceber a existência de um ser que habita além dos limites deste mesmo infinito. Sim. Algo que pense, aja, perceba e crie, existindo após o próprio infinito. A pergunta seria, o que há após ao que nunca termina? Este conceito chamamos de transcendência, ou seja, algo que transcende e está além dos limites de toda a existência, sabendo-se que tudo, inclusive a própria extensão de infinito, foi criado. Um aspecto teológico que sustenta esta possibilidade, o faz mediante ao "sentimento" de fé. E todo o sentimento de fé é uma curvatura da razão ante ao fenômeno não inteligível, mas concebido para que se sustente o conceito a ser justificado. Neste caso, a divindade que existe além dos limites do ilimitado. Com isso não estou desprezando a atitude de fé. Pois a fé é intuitiva, emocional e pessoal. Logo, não pode ser validada pela razão, e nem extirpada do próprio sentimento humano. Assim, deve-se ser respeitada, mas não instituída como uma verdade comprovável. É por este ângulo que desejo desenvolver o raciocínio, e não estabelecê-lo como um desprezo a este sentimento religioso. Um ser transcendente também é entendido, e crido, como um grande regulador e detentor do poder sobre todas as coisas que existem. Incluindo a vida humana e as suas concepções morais, sendo estas últimas as propriedades que darão, ao ente humano, a consequente análise de um julgamento capaz de proporcionar a salvação, as benesses, e a proteção. Ou a condenação, as drásticas consequências e o castigo. Para isso, muitas e muitas questões filosóficas e científicas devem ser respondidas, não apenas para validar as aspirações da fé, mas sim para que se separe a verdadeira possibilidade da manifestação sobre os fenômenos, daquilo que se institui como o inexplicável procedimento que se estabelece além das leis naturais. Porque se algo não pode existir além dos limites do que seja interminável, consequentemente deve ser submetido às próprias leis que regem tudo o que se encontra dentro de seus próprios limites, quando, na verdade, não há limites para o infinito. Logo, todo o ser existente é existente pelo próprio processo das leis que se desenvolvem, sob leis que determinam a manutenção eterna do todo. Desta forma, com poderá haver transcendência? Amigos, eu não concebo a existência de um deus transcendente. Há leis no universo, leis da física, as quais nós, seres mortais, empenhamos-nos em estudá-las, e que ainda, sem grandes ou muitas respostas, nos propomos a direcionar o nosso vislumbre para as novas descobertas. E cada vez mais iremos entendendo mecanismos e processos capazes de nos libertar dos mitos e galgar a compreensão do magnífico. Agora, entendendo a dimensão da impossibilidade da transcendência, podemos voltar nossos olhares para dentro de nós. Isso, para o interior de nossos sentimentos e de nossas potencialidades. E o que vemos? Vemos os movimentos de leis e de amálgamas que se interrelacionam, criando e desenvolvendo aquilo que percebemos em nós como consciência. Ora, neste aspecto estamos nos dirigindo para a possibilidade de uma imanência. Não estou dizendo nada de novo para os senhores, pois esta já era a concepção do judeu Spinoza. Que foi excomungado por sua comunidade religiosa ao duvidar da existência de um deus transcendente, descrito nas linhas acima, e conceber a de um deus imanente. Este que, na verdade é a nossa própria capacidade de se auto-perceber, e que se manifesta na consciência humana. No meu livro "O Grito da Alma no Abismo da Carne", trabalho exatamente com este conceito de divindade, quando chamo a atenção do leitor para o fato de que a própria vida seria a divindade imanente. É um dos fatores de minha investigação para este momento, e a linha pela qual posso entender que se há alguma divindade ela é imanente ao próprio universo, e potencialmente adormecida nos seres humanos, assim como nos seres vivos de um modo geral. Os sentimentos que carregamos em nossos corações podem ser os reflexos de luz desta mesma divindade. E a manifestação de deus passa a depender muito mais da atitude dos homens em despertar e praticar os sentimentos de amor, compaixão e solidariedade, do que de se esperar que um juíz poderoso, dos céus, nos determine castigos, ou proteções, alinhados com o comportamento moral. Nós somos responsáveis pela vida, e devemos cuidar uns dos outros. E não ceder a algo transcendente a responsabilidade que cabe única e, exclusivamente, a nós. Wanderley Queiroz
Posted on: Wed, 26 Jun 2013 22:00:51 +0000

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