A cruz Nada parece mais conhecido do que a cruz. - TopicsExpress



          

A cruz Nada parece mais conhecido do que a cruz. Caminhando por nossas cidades, a encontramos em vários lugares. Ela está ali diante de nossos olhos! Para alguns ela nada diz; para outros é recordação de um evento histórico acontecido em Jerusalém a quase dois milênios, e que, posteriormente, determinou a história e a cultura, a fé e a esperança de tantos homens e mulheres; para outros ainda ela causa mal estar e repulsa; e por isso desejam que seja afastada, retirada dos espaços públicos, retirada de toda visibilidade. Para além de toda possivel polêmica, temos de reconhecer que ela, a cruz, é um símbolo dominante. Para nós cristãos, a cruz é recordação do empenho e da entrega que fez Jesus de Nazaré de si, contra toda forma de determinismo, fatalismo, ‘non sense’. A partir do evento da cruz e do crucificado é oferecida ao ser humano de todos os tempos a indicação de que a contradição, a dor, o sofrimento, a morte não são fatalismos, mas indicaçoes da condição humana e das possibilidades do humano. Mas mesmo entre os cristãos existe, por vezes, a impressão de já saber do que se trata quando vem usada a expressão ‘cruz’. Pensamos já saber o que seja a Cruz. E esta impressão de já saber não nos permite colher sua essência. Na verdade, possuimos dela representações e imagens vagas, palavras ou um sentimento mais ou menos forte de rejeição, ódio, medo, ojeriza, indiferença; ou se ‘assumida’, a compreendemos, talvez, como sacrifício de resignação, humilhação, aniquilação, abnegação. O que é a cruz? É escândalo e loucura (cf. 1Cor 1,23)! É escandalo que não pode ser anulado (cf. Gl 5,11). Tal anulação acontece lá onde o estético se sobrepõe ao ético, ignorando o religioso; lá onde tudo se decide a partir de informações generalizantes; lá onde se está interessado em mostrar feitos. Ora, a Cruz e sua significância perturbam e inquietam, pois apontam para aquilo que significa ser cristão. É loucura para o mundo sustentado e orientado pela imagem, pois a Cruz diz de uma realidade que incide na carne, na existência real de todo ser humano autenticamente cristão. O escândalo e a loucura da Cruz dizem que o ápice do ser humano, sua realização e felicidade, sua salvação só é possivel na Cruz. Isto porque o cristianismo só pode ser compreendido a partir do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, o lançar-se no seu seguimento e na decisão de imitá-lo até a morte, se necessário for! Sem isto, a Cruz e o cristianismo podem ser vistos como mero fato cultural. Não que isto não seja expressão de inúmeras realizações; no entanto, isto seria expressão de reducionismo, pois a Cruz e o cristianismo ultrapassam o fator cultural. Para os homens e as mulheres que vivem na fé e a partir da fé, a Cruz é expressão de amor. A Cruz fala do amor de Deus por cada ser humano! Diante da Cruz, o ser humano de todos os tempos, de todas as culturas é convidado a renovar a fé na força do amor; é convocado a crer que mesmo diante das situações as mais diversas, Deus é capaz de vencer o mal e a morte; é provocado a dispor-se para uma vida nova, transformada, ressuscitada. Na Cruz está conservada a semente, o gérmen da esperança na vida! O viver a partir da fé e na fé concede ao ser humano de todos os tempos um norte, uma meta, um objetivo que não está nele mesmo. Isto porque sabemos que não é o poder que redime, mas o amor. Sabemos que o mundo e o ser humano são salvos não por crucificadores, mas pelo amor expresso de forma escandalosa e louca no alto de uma Cruz. O mundo pode querer ignorar a Cruz. De fato, não faltaram momentos ao longo da história ocidental durante os quais ela foi ignorada e olvidada. Isto propiciou situações absurdas que o ocidente não pode jamais esquecer! A ciência e a técnica empreeenderam caminhos que dispensam qualquer referência à Cruz. A instituição escola encontra dificuldades de apresentar a nossas crianças, adolecentes e jovens a Cruz e suas implicâncias. A instituição família, talvez, não sinta mais a necessidade de introduzir os seus no âmbito da fé com seus desdobramentos. O evento crístico parace pouco dizer à sociedade hodierna! Não faltam vozes a proclamar que tal situação é expressão de um momento hsitórico-cultural; outros apontam para dificuldades de linguagem; outros ainda indicam o fim de uma época, e que, portanto, estariamos vivendo uma mudança de época. Certamente, todas essas indicações têm suas razões. No entanto, os filhos e filhas da modernidade não haverão de esquecer suas origens, pois sabedores de que na Cruz há vida e esperança. Para os cristãos a Cruz é expressão de amor. E somente o amor transforma pessoas, constrói relações, concede vida plena ao mundo! Dom Jaime Spengler Arcebispo Metropolitano
Posted on: Sun, 01 Dec 2013 10:38:40 +0000

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