A primeira sensação forte e próxima de morte que tive foi a tragédia com os mamonas assassinas. Eu ainda era muito criança, 5 ou 6 anos, mas já amava música, amava mamonas, tenho até hj a fita com os peitoes na capa. Hj assisti ao documentário "Mamonas Para Sempre" e me veio todas aquelas sensações que senti na época, de que o mundo havia desabado e que enfim eu entendera o que é a morte. Só se falavam nisso, na morte, e eu cada vez mais me chocava. Lembro-me bem de ver minhas tias ( minhas próximas tão sofridas e dolorosas perdas, que até hoje não se cura) vendo as fotos do acidente, na internet discada ainda, e a mídia cada vez mais corroendo o meu psicológico. Eu já compreendi e aceitei a morte do meu pai, de outra tia, de um avô, mas hj depois de remexer na ferida vejo o quanto uma criança tem que ser preparada para entender o ciclo natural da vida, o quanto todos temos que encarar a morte como algo natural, assim como a vida, não se falava em morte, a morte era um tabu, eu vejo que inconscientemente quando lembro das minhas tias Marcia e Marly e do mamonas uma faca é cravada em meu peito, o sangue sobe a cabeça, sinto raiva e descontamento. O que está gravado no inconsciente desperta e não há conhecimento, filosofia, religião, experiências vividas que façam essa dor calar. Morte é vida!
Posted on: Sun, 06 Oct 2013 04:11:05 +0000