A única alma de quem sou intrínseco é a Mariana Francisco, de resto é tudo uma grande solidão de aparências e vaidades, e eu sinto-me farto das opiniões de certos familiares desinteressados que nunca se esforçaram para me conhecer e que sempre me julgaram e continuam a julgar pelos muitos crimes dos meus pais. Aquele domingo podia ter sido um bom almoço, se a insensibilidade de alguém não se tivesse exercido cheia de perguntinhas de merda recheadas de tão boas intenções. Lá me magoaram e até me deixei choramingar, mas foi a última vez. Querem saber do senhor meu pai, então combinem almoços com ele, e a ele lhe façam as perguntinhas de merda que vos apetecer... Mas com o Jorginho é diferente, não é?! Têm todos medo das possíveis atitudes dele, e então ficam caladíssimos, na descoragem de apurar finalmente as verdades. Cansei-me, e assim sempre mais, por cada dia que passa. É que todos me dizem, de faciais expressões mal transfiguradas, que o problema do Jorge Meu Pai é o excessivo orgulho: orgulho que lhe impedirá de admitir culpa pelos seus crimes. Sim, apenas o orgulho. Mas não, meus senhores, não não não, o problema pouco quererá saber da máscara do orgulho. O problema será, afinal, o próprio conjunto de crimes, em todo o militante desamor que o nosso pai aplicou em cada bruta tareia.
Posted on: Wed, 25 Sep 2013 19:07:12 +0000
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