ALGUMAS IDEIAS SOBRE O CONTEXTO ATUAL (REDE EXTREMO SUL DE SÃO - TopicsExpress



          

ALGUMAS IDEIAS SOBRE O CONTEXTO ATUAL (REDE EXTREMO SUL DE SÃO PAULO) Continuamos em nossas trincheiras Há tempos temos falado que vivemos um momento terrível, de grande derrota para aqueles que buscam uma transformação social profunda e não acham normal sermos escravos do dinheiro e da propriedade privada. Aqueles que consideram que a terra deve servir para atender às necessidades de habitação e de produção de todos os que precisam morar e se alimentar, e não às necessidades da especulação. Aqueles que consideram que as fábricas e todos os meios de produção devem ser controlados por quem sabe usá-los, os trabalhadores, dando fim à existência de patrões e banqueiros parasitas, ou seja, acabando com a exploração, com os antagonismos de classe e com as próprias classes; e assim por diante. Vínhamos dizendo que, nesse momento histórico, a perspectiva de uma transformação social profunda praticamente não existe mais, e mesmo nas periferias as pessoas estão tomadas por um enorme conservadorismo, por uma vontade de ser melhor do que as outras; por um individualismo que as faz procurar se dar bem mesmo prejudicando os demais; por um consumismo que as faz acreditar que a realização pessoal se resume a comprar uma televisão de plasma e o celular de última geração; por um ódio que as faz estranhar seus iguais, e idolatrar o playboy da novela; por uma cegueira que as faz aplaudir a militarização, a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, as chacinas e os massacres cotidianos cometidos contra a população pobre. Falávamos também que, nesse contexto, algum acontecimento como a piora na situação econômica e o aumento do custo de vida ou do desemprego poderia criar as condições propícias para algum aventureiro canalizar aquele ódio e articulá-lo em algum projeto de ultradireita, levantando bandeiras nacionalistas e outras como a da pena de morte, e da redução da maioridade penal, etc. Afora essa conjuntura mais imediata, levávamos em consideração que as formas capitalistas de opressão e de exploração estão sendo aperfeiçoadas há séculos, bebendo de uma história milenar de violência, extermínio e alienação. Dessa maneira, a desgraceira capitalista está entranhada em nossa pele, em nossa cabeça, marca nosso jeito de falar, de sentir, de se relacionar com os nossos iguais, determina nossa rotina, canaliza e suga a nossa energia vital. Diante de tudo isso, avaliamos que, enquanto movimento popular, estamos reduzidos à construção de pequenas experiências de auto-organização, de caráter local, que não fiquem debaixo do braço de politiqueiros, ongueiros e empresários, e que não dependam das migalhas do Estado. E com enormes dificuldades nos engajamos a nos enraizar nalguns bairros, fomentando processos organizativos e lutas diretas em torno de diversas pautas relacionadas às necessidades das quebradas. Nessa caminhada, nos esforçamos bastante para fugir da tendência de nos tornarmos marqueteiros e burocratas – “militantes”, “dirigentes”, “articuladores” e “negociadores” profissionais -, da tendência ao centralismo, à hierarquização, ao oportunismo, e ao triunfalismo (a ideia de que “estamos vencendo!”, mesmo diante das piores derrotas), enfim, tendências que predominam em boa parte das organizações de esquerda. Enfim, não estávamos autorizados a nos espantar com a guinada conservadora das manifestações de massa que tomaram as ruas do país nas últimas semanas. Mas também não estamos autorizados a nos paralisar de medo, muito pelo contrário. Até ontem sair às ruas reivindicando o que quer que fosse era visto pela maior parte da população como aberração ou como “coisa de vagabundo”. Hoje existe a possibilidade de construir uma cultura de luta e de enfrentamento que há muito não se via. Se os conservadores tentam canalizar a revolta da população para fins destrutivos e elitistas, cabe aos lutadores e lutadoras populares colocarmos em pauta os nossos interesses de classe. Não temos e nunca tivemos certeza sobre os rumos que devemos tomar, e muito menos temos condições de apresentar propostas mais gerais, para o conjunto da esquerda. De todo modo, pelo sim, pelo não, insistiremos nas nossas pequenas lutas, nesse trabalho cotidiano de resultados bem questionáveis e difíceis de ver, pois acreditamos que talvez aí surjam importantes trincheiras de resistência a novas ofensivas conservadoras que se delineiam nas massas de classe média que entoam o hino nacional e repetem as palavras de ordem veiculadas pela grande mídia. Não podemos esquecer que o “Brasil” é um campo de batalha; que o Estado opressor, os patrões que sugam nosso sangue e a polícia assassina que atua nas periferias são, também, compostos por brasileiros, e nem por isso deixam de estar do lado de lá das trincheiras. O povo não acordou, porque a violência que sofremos nunca nos deixou dormir, e todo dia é uma nova batalha. A periferia está sempre alerta, mas precisamos nos organizar e não nos deixar levar por bandeiras e frases ocas que representam os interesses dos nossos inimigos. redeextremosul.wordpress/2013/06/24/algumas-ideias-sobre-o-contexto-atual/
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 14:20:52 +0000

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